História

Reforma Luterana

Martinho Lutero foi ordenado padre em 1507, tornando-se então professor da Universidade de Wittenberg, onde começou a desenvolver uma série de doutrinas que redundariam, mais tarde, na reforma luterana.

Em 1510, ele visitou Roma, tomando contato com a corrupção que grassava na corte pontifícia. Retornando à Alemanha, continuou a pensar em uma série de teorias a fim de encontrar respostas para a grande crise religiosa da época.

Em 1517, o papa Leão X, interessado em acabar a construção da Basílica de São Pedro e necessitando de dinheiro para pagar os artistas que trabalhavam nas obras, como Michelangelo, Rafael e outros, e também para custear seu luxo e suas extravagâncias, encarregou o monge Tetzel de promover uma intensa campanha de incentivos à venda de indulgências.

Frente a essa comercialização das indulgências, Lutero lançou um vigoroso protesto no ano de 1517, por meio das chamadas “95 Teses”, que foram afixadas na porta da catedral de Wittenberg. A partir daí, estabeleceu–se uma polêmica entre Lutero e Tetzel, durante cerca de três anos, o que ocasionou uma grande divulgação das ideias reformistas de Lutero.

Em 1519, Lutero admitia estar de acordo com as teses de John Huss, defendendo a liberdade de consciência contra a infalibilidade dos papas e dos Concílios. Para Lutero, o homem está só perante Deus e só deve se sujeitar à palavra divina, manifestada nas Sagradas Escrituras (Bíblia).

Retrato de Lutero.
Martinho Lutero.

As doutrinas luteranas inspiraram-se principalmente no pensamento de Santo Agostinho, doutor da Igreja da Alta Idade Média. Negando a doutrina de Santo Tomás de Aquino, da Baixa Idade Média, Lutero afirmou a “Justificação pela fé”, doutrina segundo a qual a salvação resulta basicamente da fé em Deus. Com suas ideias, Lutero negava que a Igreja desempenhasse um papel fundamental na salvação das almas, pois não deveria haver intermediários entre o homem e Deus. Por meio da fé e da leitura da Bíblia, o homem se aproximava de Deus.

Em 1520, Lutero foi excomungado pelo papa e reagiu queimando a Bula Papal em praça pública. Sendo acusado de herege, Lutero deveria ser preso e executado pelo governo secular, mas, pelo fato de sua popularidade ser cada vez maior no Sacro Império, o imperador Carlos V achou mais prudente reunir a Dieta Imperial para julgar a heresia de Lutero.

A Dieta Imperial era uma assembleia que reunia todos os príncipes do Sacro Império. Entretanto, um grande número desses príncipes estava contaminado pelas ideias luteranas, principalmente porque algumas delas favoreciam a secularização dos bens da Igreja pelo poder leigo, isto é, os príncipes estavam interessados nas terras da Igreja.

Lutero não foi condenado pela Dieta e se refugiou na Saxônia, no castelo de Frederico de Saxe, que passou a protegê-lo. Lutero, então, traduziu a Bíblia do latim para o alemão, tradução que o tornaria fundador da moderna língua alemã.

Em 1530, Lutero e o humanista Felipe de Melanchton terminaram de elaborar a célebre Confissão de Augsburgo, que se constituiria numa síntese da religião luterana. A Confissão de Augsburgo foi lida por Melanchton, em 1530, na Dieta de Augsburgo, convocada por Carlos V, que não aceitou a Confissão. Em vista desse impasse, os príncipes protestaram e formaram a Liga de Smalkalde, cujo objetivo seria a defesa dos interesses da religião protestante.

Na Confissão de Augsburgo, foram divul­gados os pontos da Doutrina Luterana. Veja alguns deles:

  • livre interpretação da Bíblia, além de as Escrituras Sagradas serem consideradas a única verdade incontestável (dogma);
  • a fé é a única forma de salvação do homem;
  • manutenção dos sacramentos do batismo e da eucaristia, suprimindo-se todos os outros;
  • negação do milagre da transubstanciação, no qual o vinho e o pão são transformados no sangue e no corpo de Cristo;
  • fim da proibição do casamento para os clérigos (celibato);
  • a Igreja deve se submeter ao Estado, e não o contrário.

O conflito que se seguiu só acabou quando foi assinada a Paz de Augsburgo, em 1555, que confirmava as secularizações já efetuadas, além de estabelecer o direito dos príncipes em impor a sua religião aos habitantes de seus domínios – princípio conhecido como cujus regio, ejus religio, ou seja, “tal príncipe, tal religião”. Por fim, reconhecia-se a existência do luteranismo.

Esses fatos, que fortaleceram a nobreza alemã, não só implicaram na permanência da descentralização política, como também retardaram o desenvolvimento do capitalismo na região do Sacro Império.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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