História

Revoluções de 1848 e a Primavera dos Povos

As revoluções de 1848 foram um série de movimentos populares que se espalharam por países da Europa no final da década de 1840, entre eles a Alemanha, a Áustria, a França, a Itália e a Hungria. Na maioria dos casos, liberais e socialistas chefiaram as insurreições contra os soberanos antidemocráticos.

Resumo

O grande movimento revolucionário começou na França em fevereiro de 1848. Os republicanos franceses exigiram que o rei Luís Filipe estabelecesse um governo que beneficiasse a classe trabalhadora. Cidadãos revoltados invadiram a Assembleia francesa e obrigaram o rei a fugir, proclamando em seguida a Segunda República Francesa. As divergências sobre as reformas trabalhistas prosseguiram e, em junho, sangrentas batalhas foram travadas nas ruas de Paris. Mais tarde, ainda em 1848, Carlos Luís Napoleão (Napoleão III) foi eleito presidente da República.

A revolução na França encorajou revoltas na Alemanha, na Áustria e na Itália, no que ficou conhecido como primavera dos povos. As maiores mudanças ocorreram na Áustria, onde o imperador Fernando foi forçado a abdicar, e na Itália, onde os cidadãos expulsaram as tropas austríacas de algumas cidades. A Sardenha ganhou uma Constituição. Na Alemanha, o desejo popular de um governo constitucional e a unificação do país fracassou. Ela só seria conseguida no início da década de 1870.

A Revolução de 1848 é importante por sua influência no desenvolvimento político europeu. A revolta na França assinalou o início de uma nova luta de classes. Um poderoso movimento, conhecido como socialismo, passou a defender os direitos dos trabalhadores. A revolução contribuiu também para o surgimento da monarquia austro-húngara.

A Revolução de 1848 na França

Causas

Nos anos de 1846 e 1847, a França atravessou uma séria crise econômica, que se originou na agricultura e estendeu-se para os demais setores produtivos.

A situação ruim, em razão das péssimas colheitas daqueles anos, foi agravada por uma praga na plantação de batatas, alimento básico da população. A crise agrícola gerou uma espiral inflacionária; com a alta violenta dos preços dos alimentos, os pequenos proprietários foram à ruína e os camponeses, sem trabalho, rumaram para as cidades.

Nas cidades, o consumo caiu drasticamente, gerando crise no setor industrial e, consequentemente, desemprego em massa e redução dos salários. A estagnação econômica tornou-se generalizada, enquanto a massa de miseráveis aumentava dia a dia, engrossada com o êxodo rural, demonstrando concretamente que riqueza e circulação formam os dois lados da moeda.

A oposição canalizou a revolta geral promovendo várias revoltas de contestação ao regime do “rei burguês”, apelidado pelo povo de “rei dos banqueiros”; os republicanos exigiam a proclamação da República, os camponeses, a reforma agrária, e os operários, uma redistribuição da riqueza, que estava concentrada nas mãos da burguesia, levantando a bandeira do socialismo como alternativa à exploração do proletariado pela burguesia.

Liderados por Louis Blanc (foto), os socialistas defendiam a substituição do voto censitário pelo sufrágio universal masculino e o fim da propriedade privada.

Em 22/2/1848, o governo proibiu uma manifestação oposicionista, sendo este o pretexto para o povo sair às ruas enfrentando as tropas oficiais. A Guarda Nacional e a pequena burguesia aderiram à revolta popular e Paris tornou-se uma praça de guerra, com barricadas pelas ruas da cidade.

Sem apoio, Luís Filipe abdicou do trono e, em seu lugar, foi instalado, após a Proclamação da República, um governo provisório.

O governo provisório

Agregando liberais e socialistas, o novo governo adotou o sufrágio universal masculino, criou oficinas nacionais para ocupar os desempregados e organizou a Guarda Móvel para reprimir as revoltas populares. Tentando solucionar a crise financeira, elevou os impostos, gerando nova crise popular, enquanto a burguesia se sentia cada vez mais ameaçada pelos socialistas e pelos movimentos operários.

O Massacre de Cavaignac

Em abril de 1848, as eleições parlamentares deram a vitória para os liberais moderados, que, ao começarem a elaborar uma nova Constituição para a França, afastaram os socialistas.

O proletariado reagiu erguendo novas barricadas, em junho de 1848, mas foi massacrado pelo general Louis-Eugène Cavaignac. Barricadas na Rua Soufflot, em 24 de junho de 1848, de Horace Vernet.

Finalmente, a Constituição foi promulgada, em novembro de 1848. As eleições para presidente da República realizaram-se no mês seguinte.

A primavera dos povos

As revoltas de 1848 expandiram-se pelo mundo, incentivando os povos dominados a se libertarem dos resquícios do Antigo Regime.

A Revolução Liberal de 1848 atingiu Berlim. Os alemães exigiram o fim da hegemonia austríaca sobre seu território.

Essa onda libertária que percorreu a Europa ficou conhecida como primavera dos povos. Os vários povos dominados pelo Império Austro-Húngaro, que subjugava toda a Europa Central, revoltaram-se contra Viena em manifestações de cunho nacionalista, enquanto, na própria capital imperial, o ministro Metternich, representante do absolutismo monárquico, foi posto a correr do país, refugiando-se na Inglaterra.

No Brasil, as ideias do socialismo utópico influenciaram os líderes da Revolução Praieira, em Pernambuco, que protestaram contra as péssimas condições econômicas e sociais do Nordeste durante o Segundo Reinado.

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