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Empréstimos linguísticos

Provavelmente você já ouviu falar em empréstimos linguísticos e ficou em dúvida sobre seu conceito e suas ocorrências. Por isso, este artigo pretende esclarecer o assunto segundo os preceitos do renomado linguista R. H. Robins.

Quando há contato entre culturas de quaisquer tipos e entre falantes de línguas distintas é impossível que não haja uso de palavras de outras línguas para expressar pensamentos ou se referir a coisas, processos e comportamentos para os quais não são encontradas palavras ou expressões em suas próprias línguas. E onde posso observar os empréstimos linguísticos? Repare que algumas expressões ou palavras estrangeiras que antes eram usadas individualmente passaram a ser usadas por uma comunidade, vale ressaltar que há alterações em sua pronúncia devido ao processo de adaptação dos sons e adequação ao padrão fonológico da língua que recebe a palavra. Todo esse processo é chamado metaforicamente de empréstimo.

Empréstimos linguísticos

Robins (1977) cita que as palavras café, chá e tabaco no inglês e na maioria das línguas europeias são empréstimos linguísticos do árabe, chinês e de uma língua índio-americana, respectivamente. A explicação para o fato é que faziam parte de línguas de onde (ou através) estes produtos foram importados inicialmente na Europa. É visível que o mínimo contato com falantes de uma língua que representa e tem poder ou prestígio político leva a uma gama de empréstimos linguísticos no ambiente em questão.

Percebe-se isso na influência que a língua francesa teve sobre o inglês após a conquista normanda e o estabelecimento do governo normando na Inglaterra. Também nota-se o corrente uso de palavras gregas no que tange as ciências, as artes e a filosofia no latim, resultado da importância denotada aos gregos nessas áreas.

Segundo Robins (1977), “as línguas estão em um contínuo estado de mudança, e empréstimos dever ser considerados como aquelas palavras que não estavam no vocabulário em um período e que nele estão num período subsequente”, ou seja, as pessoas mudam e com elas a língua também evolui e esses acontecimentos devem ser considerados como inerentes ao processo linguístico, pois vocábulos que antes não integravam uma língua passam a integrá-la para suprir supostas “carências” em expressar as necessidades dos falantes. O linguista ainda afirma que uma língua recebe empréstimos constantemente, “mas sua frequência e suas fontes são temporariamente atingidas por fatores políticos e outros que resultam de contatos culturais restritos de uma ou outra espécie”.

Referência:

ROBINS, Robert Henry. Linguística Geral. Tradução de Elizabeth Corbetta A. da Cunha. Porto Alegre: Globo, 1977.

Por: Miriã Lira

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