Química Nuclear

Acidente de Chernobyl

A Usina Nuclear de Chernobyl foi construída na Ucrânia e era responsável pela produção de aproximadamente 10% da energia utilizada no país. Tinha quatro reatores ativos e mais dois em construção, considerada um símbolo do avanço tecnológico da União Soviética, da qual a Ucrânia fazia parte na época. Contudo, a usina foi palco do pior acidente nuclear da história.

O que houve em Chernobyl

Na madrugada do dia 26 de abril de 1986, foi realizado um teste com o objetivo de verificar o funcionamento da usina com energia reduzida, que deixou um dos reatores com a potência muito baixa, indicando que o teste havia falhado.

A tentativa de aumentar a potência deste reator, somada à sua grande instabilidade gerada na realização do teste, resultou em sua explosão que derrubou o teto de cerca de 1000 toneladas e causou a morte imediata dos funcionários que correram para verificar o ocorrido.

Além disso, a explosão do reator gerou um fluxo de vapor que emitiu uma chuva de partículas radioativas com aproximadamente 1 quilômetro de altura e com potencial de radioatividade equivalente ao de 100 bombas atômicas como as lançadas em Hiroshima e Nagasaki.

Destruição causada pela explosão na usina de Chernobyl.

Durante dez dias, o combustível nuclear ardeu liberando nuvens tóxicas que contaminaram uma extensão quilométrica, atingindo especialmente a Ucrânia e os territórios vizinhos como Rússia e Bielorrússia. A dimensão do acidente foi tão grande que estações de monitoramento na Finlândia e na Suécia captarem níveis anormais de radioatividade no ar e emitiram um alerta mundial.

Na época, a União Soviética, que tinha um governo fechado e de caráter protecionista, dificultou a divulgação de informações e acesso a detalhes do acidente. Mikhail Gorbachov, presidente da URSS no período do acidente, demorou três semanas para fazer um discurso na TV anunciando publicamente o ocorrido.

O primeiro jornal a divulgar o ocorrido foi uma publicação pertencente a um órgão da União Soviética, que apontou apenas a existência de uma avaria em um dos reatores da usina, com uma breve nota de oito linhas. A maneira como o governo da URSS lidou com a situação ocorrida em Chernobyl foi, segundo Gorbachev em publicações posteriores, um dos fatores que levou ao fim do regime soviético. Segundo ele “O desastre nuclear em Chernobyl foi talvez, mais do que o meu lançamento da perestroika, a causa real do colapso da União Soviética cinco anos depois”.

Consequências do acidente de Chernobyl

As consequências humanas, ambientais e econômicas do acidente de Chernobyl são incalculáveis, que são sentidas até hoje.

Oficialmente, a Agência Internacional de Energia Atômica calcula que o acidente tenha deixado 4 mil vítimas, e governo ucraniano estima que apenas 5% dos membros das equipes de resgate e limpeza ainda estejam vivos e em boas condições de saúde.

No entanto, em 2006, o Greenpeace divulgou um relatório organizado por 60 cientistas, que indica que o número de mortes pode chegar a 100 mil, pontuando também que o efeito da radiação sobre os sobreviventes aumentou a ocorrência de casos de câncer, doenças cardiovasculares e danos diversos no sistema imunológico.

Para conter o incêndio e o material radioativo que se espalhou na região, foi necessário construir uma estrutura chamada sarcófago, feita com concreto e aço e que cerca os destroços do reator. Essa proteção começou a ser construída logo após o acidente, o que significa que inúmeros trabalhadores foram expostos a altos níveis de radiação neste processo.

O sarcófago construído em 1986 foi uma estrutura construída às pressas, e para melhor contenção dos resíduos foi necessária a construção de uma estrutura complementar, inaugurada em 2016, com altura de 110 metros e aproximadamente 25 toneladas de material. Contudo, esse sarcófago vai conter a liberação de material contaminado por apenas 100 anos, isto é, será necessário analisar outra forma de contenção, uma vez que o material contido no interior do reator continuará perigosamente radioativo por 20 mil anos.

A cidade de Prypiat, que fica a 4 quilômetros de Chernobyl e servia de alojamento para os trabalhadores da usina, precisou ser evacuada após 36 horas da explosão. Calcula-se que cerca de 116 mil pessoas tiveram que deixar suas casas às pressas e com menos de uma hora para recolher seus pertences. As autoridades disseram para essas pessoas que a evacuação seria temporária, de apenas três dias, porém até hoje esta região forma o que se chama de “Zona de Exclusão” e devido ao grande risco de contaminação pela radioatividade, a maioria das pessoas não puderam retornar, e hoje Prypiat é uma cidade fantasma.

Foto mostrando o parque abandonado, com a roda-gigante em destaque.
Parque da cidade de Pripyat que nunca chegou a ser inaugurado devido ao acidente de Chernobyl.

Apesar das terríveis consequências deste acidente, a produção de energia nuclear, isto é, a partir da fissão de átomos de elementos radioativos, como plutônio e urânio, continuou expandindo. Atualmente 11% da energia produzida no mundo vêm de usinas nucleares. Os países que mais utilizam energia nuclear são os Estados Unidos e a França. Ao todo, existem 440 usinas nucleares operando em 31 países, enquanto outras 65 estão em construção ou em vias de ser inauguradas.

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