Sociologia

Movimentos Sociais

Neste artigo, vamos explorar o conceito de movimentos sociais e sua importância na história e na atualidade. Você vai descobrir como esses movimentos surgiram e evoluíram ao longo do tempo, desde a luta dos trabalhadores no século XIX até a multiplicidade de movimentos sociais atuais.

Compreender esses aspectos é crucial para entender o papel e a importância dos movimentos sociais na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

O que são movimentos sociais

Os movimentos sociais são uma mobilização, organização e prática de grupos dentro da sociedade com o intuito de promover mudanças culturais, econômicas e políticas ou de transformar a vida social como um todo. De acordo com a definição sociológica mais comum, os movimentos sociais são motivados pela insatisfação de setores da sociedade com aspectos específicos ou com a realidade social em geral, incluindo suas estruturas fundamentais. O objetivo final desses movimentos é alcançar mudanças que sejam consideradas necessárias para eliminar situações percebidas como injustas na sociedade.

Portanto, ao examinar os movimentos sociais sob uma perspectiva sociológica, é crucial reconhecer que eles são motivados por relações conflituosas na sociedade, desigualdades sociais que levam muitos indivíduos a se sentirem injustiçados e privados de seus direitos, bem como um descompasso entre as expectativas de determinados grupos e as normas existentes na sociedade. Compreender esses aspectos é fundamental para entender o papel e a importância dos movimentos sociais na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Surgimento dos movimentos sociais

Os movimentos sociais surgiram na época contemporânea com o objetivo de lutar pelos direitos dos trabalhadores assalariados, principalmente os operários de fábricas em sociedades industriais capitalistas. O capitalismo industrial é marcado pela contradição entre a grande produção de riquezas e a miséria dos trabalhadores, o que levou a protestos significativos em diversos países europeus nos séculos XVIII e XIX.

Na Inglaterra, por exemplo, os primeiros protestos foram realizados por grupos de trabalhadores que invadiram fábricas e danificaram suas máquinas como forma de protesto contra as péssimas condições de vida e trabalho. Com o tempo, esses movimentos foram se organizando e apresentando uma pauta variada de reivindicações, que iam desde mudanças sociais específicas, como a regulamentação da jornada de trabalho, até propostas de transformação revolucionária da sociedade, como a substituição do capitalismo pelo anarquismo ou pelo socialismo.

Um exemplo de organização sociopolítica dos trabalhadores no século XIX foi o cartismo na Inglaterra, que propôs medidas como a eliminação dos critérios censitários para participação política e a remuneração dos parlamentares, a fim de democratizar as relações políticas no país. Essas medidas visavam incluir os trabalhadores no cenário político institucional para que pudessem lutar por reformas sociais que melhorassem suas condições de vida.

Com o tempo, os movimentos operários passaram a adotar orientações mais reformistas do que revolucionárias, priorizando a luta por reformas sociais no interior do capitalismo, como a redução da jornada de trabalho, elevação dos níveis salariais, políticas de distribuição de riquezas e sistemas públicos de proteção social aos trabalhadores. Essas mudanças foram observadas especialmente na segunda metade do século XX, quando muitos movimentos sociais abandonaram as propostas revolucionárias e passaram a focar em mudanças graduais dentro do sistema capitalista.

Movimentos sociais na atualidade

Ao longo do século XX, houve uma multiplicação de movimentos sociais, resultando na atual diversidade que podemos observar.

Discriminação e minorias

Desigualdade e preconceito são temas recorrentes em nossa sociedade. Muitos grupos sociais organizam-se em busca de transformações sociais e políticas que contemplem seus direitos de cidadania. É importante ressaltar que as desigualdades sociais não se resumem apenas à desigualdade de classes sociais produzida pelo capitalismo, mas também se originam de diferentes aspectos socioculturais combinados com a estrutura econômica da sociedade, resultando em relações de poder e formas de desigualdade.

O preconceito é um problema que afeta diversas pessoas e grupos sociais. É uma atitude ou opinião que não se fundamenta em análise racional ou na observação das evidências, gerando julgamentos negativos e classificando indivíduos como inferiores em virtude de certas características específicas. Esse tipo de preconceito pode levar à discriminação social, que consiste em práticas socioculturais que hierarquizam preconceituosamente os seres humanos, relegando determinados segmentos da sociedade a uma condição de inferioridade econômica, social e política.

Hierarquias sociais acentuadas são enfrentadas por movimentos sociais atuais.

Historicamente, as formas de discriminação se efetivam em diversas esferas da sociedade, como na desigualdade social entre brancos e negros, homens e mulheres e heterossexuais e homossexuais. Embora exista a igualdade legal de direitos entre diferentes grupos em alguns países, na prática, ainda existem muitas desigualdades sociais e econômicas entre as minorias e os cidadãos com condições econômicas e sociais superiores.

Os movimentos sociais surgiram para lutar pelos direitos das minorias, que sofrem com o preconceito e a discriminação. Na linguagem da Sociologia, minoria não se refere à quantidade, mas sim a grupos prejudicados pelo preconceito e pela discriminação. Por exemplo, as mulheres ainda que sejam numericamente majoritárias em uma sociedade, são compreendidas sociologicamente como uma minoria quando não possuem direitos sociais, econômicos e políticos de fato iguais aos dos homens. É importante lutar pela igualdade de direitos e pela eliminação do preconceito e da discriminação em todas as esferas da sociedade.

A diversificação dos movimentos sociais

Os movimentos sociais têm um papel fundamental na promoção de mudanças sociais e na luta por direitos iguais para todos. Conheça alguns.

  • Movimento negro: em várias partes do mundo, onde os afrodescendentes são discriminados socialmente em diferentes formas, são organizadas mobilizações para reivindicar seus direitos de cidadania.
  • Movimento feminista: o movimento feminista busca a eliminação da hierarquia de gêneros, que se manifesta em situações como desigualdade salarial entre homens e mulheres, baixa representatividade feminina nas instituições políticas e violência cultural e física contra as mulheres.
  • Movimento de defesa da diversidade de orientações sexuais: lutam contra a heteronormatividade, uma postura discriminatória que marginaliza pessoas com orientações sexuais diversas, como homossexuais.
  • Movimentos sociais ecológicos: questionam as relações entre humanidade e natureza nas civilizações contemporâneas e propõem mudanças radicais nas relações entre seres humanos e meio ambiente, orientadas pela preservação dos recursos naturais e pela restauração do equilíbrio ecológico.

O papel das redes sociais

Com o avanço da tecnologia da informação, os movimentos sociais também têm se adaptado e utilizado novas ferramentas para se organizar e promover mudanças sociais. As redes sociais têm se tornado um meio importante para o ativismo sociopolítico, permitindo a organização instantânea de manifestações e proporcionando maior penetração na sociedade.

Além disso, a integração de movimentos sociais regionais com questões globais tem se tornado uma tendência, facilitada pela rede mundial de computadores interligados. Isso permite a união de movimentos distantes geograficamente, mas que compartilham interesses comuns.

Bibliografia utilizada

  • Alain Touraine. Os movimentos sociais. In: MARTINS, José de Souza; FORACCHI, Marialice. Sociologia e sociedade. São Paulo: LTC, 1992.
  • GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
  • GOHN, Maria da Glória. Novas teorias dos movimentos sociais. São Paulo: Loyola, 2008

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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