Sociologia

Preconceito Racial

O preconceito racial se fundamenta na existência de diferenças físicas e socioculturais que, pretensamente, tornam uns melhores do que o outros. As pessoas julgam as demais por causa de sua cor, ou melhor, raça.

Causas

Esta pretensa superioridade se sustenta na perpetuação de mitos raciais e de falsas verdades que se escondem na forma de estereótipo, um tipo de imagem que congelamos em nossa memória e passamos a considerá-la como realidade.

Ao incorporar características biológicas, o estereótipo racista se traveste com roupagem científica, prática que se tornou comum no século XIX, aproveitando as descobertas de Charles Darwin acerca dos mecanismos de evolução das espécies.

O conde de Gobineau, através do “racismo científico” afirmava que as diferenças raciais entre os povos (brancos, amarelos e negros) eram responsáveis por suas diferenças econômicas, tecnológicas e sociais, tornando o branco superior às demais raças, o que justificava seu domínio sobre estas últimas.

Posteriormente, estudos sobre a genética humana aponta a existência de diferenças mínimas entre as raças, que têm um ancestral comum, já que todos fazemos parte do grupo Homo sapiens.

Na verdade, ao falarmos em preconceito, estamos falando de intolerância, de tendência em tratar de forma desrespeitosa tudo aquilo que consideramos diferente ou distante do que chamamos de normal.

O preconceito racial no Brasil

Antigamente, era comum ver-se negros africanos acompanhados de belas louras nórdicas ou de outras partes da Europa. Não existia o menor preconceito entre esses casais nem em relação a eles. Para os brasileiros, porém, era algo inédito e escandaloso; faziam-se piadas insinuando que o sucesso dos negros- se devia ao fato de que eram muito bem dotados anatomicamente para o sexo. Uma visão preconceituosa típica, que procurava desqualificar o negro e que escondia, às vezes, uma boa dose de inveja.

É impossível discutir o preconceito racial no Brasil sem associá-la ao processo histórico de construção da sociedade brasileira, marcada por um passado escravocrata atrelado às necessidades mercantilistas de sua metrópole, Portugal.

A escravidão no Brasil promoveu um processo de desumanização, no qual o escravo passou a ser visto pelo proprietário como instrumento de trabalho, um produto, uma coisa.

Essa desumanização foi fortalecida com as justificativas religiosas dadas para a escravização, quando parte da Igreja afirmava que o negro era despojado de alma.

O preconceito contra o negro foi ainda reforçado pela realidade histórica, já que, com a abolição da escravatura em 1888, o negro não foi inserido no mercado de trabalho assalariado, tampouco na sociedade, permanecendo confinado em guetos e áreas periféricas.

A luta do negro pelo reconhecimento social e pelo exercício pleno de sua cidadania se intensificou no início do período republicano, o que pode ser percebido em movimentos como a Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, que contou com a participação predominante de uma população negra e mestiça prejudicada pelo processo de revitalização urbana da capital.

Atualmente, pode se afirmar que o movimento negro vem se fortalecendo e se articulando de modo a combater o preconceito racial e fortalecer a identidade negra, que, mais do que uma condição de cor ou raça, deve ser entendida como uma questão cultural, já que aquele que se afirma como negro está herdando a história deste grupo que foi forçado a se deslocar para o Brasil para servir de mão de obra na grande propriedade.

Porém, o movimento negro ainda enfrenta grandes desafios, como se evidenciam nos dados do IBGE de 2017, onde se revela a existência de uma sociedade discriminatória, que diferencia a qualidade e a remuneração do trabalho pela cor da pessoa. Segundo os dados da Pnad, os brancos ganham em média R$ 1240,00 a mais que os negros

Gráfico com o salário médio de negros, pardos e brancos.
Salário médio dos brasileiros por cor ou raça (Pnad 2017).

No Brasil, o preconceito racial é combatido com leis. Só a educação poderá esclarecer a todos, sobretudo aos brancos, o que representou para a raça negra o que lhe foi imposto pelo tráfico escravista. A Igreja se julgava com o direito de catequizar aqueles que nada sabiam da religião católica. O Governo nada fez, depois da Abolição, para dar aos ex-escravos condições de estudar e conquistar um lugar na sociedade.

Referências

  • In: LOPES, Ney. O racismo explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007.
  • https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101559_informativo.pdf

Autoria: Rafael Pedretti

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