Sociologia

Segregação e Exclusão Social

O termo segregar significa separar, marginalizar, isolar o contato, distanciar algo ou alguém considerado diferente. No estudo da Sociologia, a segregação social é definida como uma separação espacial (geográfica) de um grupo de pessoas, em virtude de diversos fatores, como a raça, o poder aquisitivo, religião, etnia, educação, nacionalidade ou qualquer outro fator que possa servir como meio de discriminação.

Com a consolidação do capitalismo como sistema econômico há alguns séculos, a sociedade passou a ser dividia em basicamente duas classes: a dos capitalistas, que sãos os proprietários dos meios de produção (indústrias, comércios, grandes propriedades rurais, bancos, etc.); e os trabalhadores, que vendem aos capitalistas sua força de trabalho, isto é, sua capacidade física e intelectual de produzir, em troca de uma remuneração que garanta sua sobrevivência.

Essa divisão da sociedade imposta pelo capitalismo provoca uma significativa desigualdade social, onde a maior concentração de renda é detida por um número menor de pessoas. Em linhas gerais, as desigualdades sociais são mais acentuadas nos países subdesenvolvidos e mais brandas nos países desenvolvidos.

Segregação e exclusão socialAs desigualdades sociais, por sua vez, são motivos de discriminação muito comuns em sociedades capitalistas. A diferença de poder aquisitivo tem a capacidade de separar grupos, fazendo com que grupos economicamente mais ricos ocupem regiões distintas daqueles que vivem em condições de pobreza. É como um ciclo: as desigualdades geram segregação social, e a segregação acentua a desigualdade.

Se traçarmos um panorama das cidades brasileiras, será possível notar que, na maioria ou em todas as cidades existe pelo menos um bairro ou região onde moram apenas pessoas de maior poder aquisitivo, enquanto outras regiões são habitadas por cidadãos mais pobres.

Nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, existe um grande número de favelas, onde, muitas vezes, as moradias são construídas em locais inapropriados, o saneamento básico é precário ou não existe, o acesso à educação e aos serviços de saúde é mais restrito, o índice de desemprego é maior e, é claro, a renda dos moradores é baixa. Por outro lado, nessas mesmas cidades, existem diversos bairros de luxo, onde predominam os condomínios fechados, com saneamento básico eficiente, sistemas educacionais privados, excelentes atendimentos de saúde, mais e melhores oportunidades de emprego, além de uma grande concentração de renda daqueles que ali residem.

Além da segregação relacionada ao poder econômico, é muito frequente também a segregação social devido à raça. Esse tipo de segregação ocorre quando pessoas de uma determinada raça são proibidas de frequentar locais públicos, como escolas, clubes, restaurantes e outros ambientes de lazer.

O melhor exemplo de segregação racial no mundo é o Apartheid, um regime racista imposto à população negra pela minoria branca da África do Sul. De acordo com tal regime, oficializado em 1948, os negros eram obrigados a viver em regiões isoladas, não tinham direito de voto, não podiam circular em determinadas áreas das cidades, eram proibidos de se relacionar com pessoas brancas e também de frequentar os mesmos lugares que elas.

O domínio político e separatista dos brancos na África do Sul só acabou em 1994, quando as eleições multirraciais levaram ao poder o líder Nelson Mandela, primeiro presidente negro do país.

Como fruto das desigualdades e da segregação, surge a exclusão social, que pode ser definida como o extremo da marginalização. Os grupos socialmente excluídos são privados de praticar seus direitos básicos como cidadãos, vivendo em situações de pobreza extrema, de falta de moradia, de desemprego, de má distribuição de renda, de falta de acesso à educação e à saúde e de analfabetismo.

No Brasil, temos o Índice de Exclusão Social (IES), um indicador das desigualdades sociais que tem como parâmetro os níveis de escolaridade, de alfabetização, de acesso aos serviços de saúde, de violência, de empregos formais (com registro em carteira de trabalho) e de pobreza da população de todos os municípios brasileiros. Esse índice foi criado em 2002 a partir dos dados obtidos no censo demográfico de 2000.

Os piores índices de exclusão social do Brasil são os das regiões Norte e Nordeste (com poucas exceções), enquanto os melhores índices estão no Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Essas desigualdades que permeiam entre as regiões brasileiras têm suas origens, principalmente, na herança histórica de ocupação do território e no desenvolvimento das atividades econômicas.

O contexto de desigualdades existente não só no Brasil, mas no mundo como um todo, mostra a necessidade de uma reestruturação, que seja capaz de corrigir essas divergências econômicas e sociais e banir a exclusão de grupos sociais. No entanto, sabe-se que essa necessidade não tramita na mesma direção dos interesses do sistema capitalista e financeiro mundial, daí a dificuldade de mudar esse cenário.

Referências

ALVES, Andressa, BOLIGIAN, Levon. Geografia – espaço e vivência. São Paulo: Atual, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral – volume único. São Paulo: Saraiva, 2005.

Por: Mayara Lopes Cardoso

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