História do Brasil

Guerra dos Emboabas

As decisões das autoridades do Estado lusitano foram motivos de agitações variadas, dentre as quais podemos destacar o conflito entre bandeirantes e populações portuguesas na região mineradora, conhecido por Guerra dos Emboabas.

Causas

Em primeiro lugar, tem-se uma situação em que a descoberta das primeiras jazidas de ouro rentáveis pelos paulistas repercutiu no espaço colonial e na metrópole. Não havia exigência de elevados recursos para iniciar a exploração aurífera e, nesse sentido, a atividade parecia bem rentável.

Afluíram para as Minas paulistas e colonos de outras partes. Portugueses também o fizeram. Essa situação provocou um impasse, pois, aos olhos dos bandeirantes, a atividade deveria ser limitada e especialmente garantida aos seus integrantes. Em outras palavras, a chegada de populações portuguesas não era bem-vinda e logo os confrontos foram declarados.

Alguns autores afirmam que, além da questão da exclusividade de exploração aurífera pretendida pelos paulistas, existiam tensões relacionadas com o comércio e a especulação de artigos de consumo como a carne de gado, controlada pelos forasteiros.

Os paulistas denominavam os portugueses recém-chegados de emboabas em comparação com uma ave comum na área mineradora, a m’boaba (nome indígena), e que possuía plumas até os pés. Isso se deve ao costume bandeirante de andar descalço e do contraste com os forasteiros que usavam botas.

Conflitos e líderes

As primeiras jazidas rentáveis foram localizadas em 1693 e os forasteiros começaram a chegar anos depois, no início do século XVIII. Em 1707, já estava deflagrada a guerra. Manuel de Borba Gato liderava os paulistas, enquanto os portugueses eram chefiados por Manuel Nunes Viana.

Foram várias campanhas, dentre as quais se destacou a do Capão da Traição. A tradição historiográfica afirma que houve uma proposta de pacificação apresentada pelos forasteiros (emboabas). Tal proposta teria sido aceita pelos bandeirantes que, como proposto, depuseram as armas para terem as suas vidas poupadas. Na sequência, o que se assistiu foi o massacre do grupo bandeirante desarmado, ou seja, os paulistas foram traídos pelos emboabas.Consequências

A Coroa portuguesa interveio e não garantiu exclusividade aos bandeirantes, franqueando o espaço para quem se dispusesse a encontrar o metal precioso. Contudo, percebendo a importância dos bandeirantes naquela história de exploração, estabeleceu uma nova capitania, a de São Paulo e Minas do Ouro, diretamente vinculada à Coroa, visando, com isso, minimizar a tensão na área.

A metrópole assumiu o controle direto da região com o intuito de coibir desavenças e garantir a extração aurífera. Também fez a regulamentação da cobrança do quinto, algo já disposto nos documentos que instituíram as capitanias hereditárias, além de elevar São Paulo à condição de cidade.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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