História do Brasil

Governo Juscelino Kubistcheck (JK)

O slogan da campanha eleitoral de JK dizia que o candidato à presidência faria o Brasil crescer 50 anos em 5. Para tanto, apresentava ao país um ambicioso plano de crescimento econômico denominado Plano de Metas.

As metas envolviam investimentos do Estado em infraestrutura para atração de mais empresas transnacionais, além da realização de uma meta síntese: a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central, ou seja, para o interior.

Governo JK

Diferentemente de Vargas, partidário do nacionalismo econômico, o governo de Juscelino Kubitschek afirmava o nacional-desenvolvimentismo.

Enquanto Vargas se preocupava em exercer maior controle sobre as empresas estrangeiras (Lei de Remessa de Lucros) e instituía empresas nacionais (estatais), como a Petrobras e a Eletrobrás, JK conferia mais espaço à iniciativa privada, afirmando que o importante era a criação de mais empregos e o crescimento do Produto Interno Bruto. Se isso era possível com a facilitação da entrada de empresas estrangeira, essa, então, deveria ser a linha de ação.

Governo JK.
A foto é dos participantes da convenção que homologou
a candidatura de JK para o cargo de presidente da
República do Brasil, em 10 de fevereiro de 1955.

Isso não significa dizer que o Estado não participaria da economia. Ao contrário, ele teria papel relevante ao estabelecer uma política de investimentos que iria alavancar a economia nacional. Tais investimentos estariam voltados principalmente para obras de infraestrutura que possibilitassem a acomodação de um parque industrial no país.

Como a opção foi pela indústria automobilística, estradas deveriam ser construídas, além dos insumos fundamentais para a produção de automóveis (energia, aço e química). Para tanto, o Estado deveria obter empréstimos no exterior para a realização de sua parte no processo de desenvolvimento nacional.

Assim, o programa desenvolvimentista era apoiado na presença de capital estrangeiro e na instalação, no país, de filiais de empresas multinacionais, especialmente automobilísticas e químicas.

Governo JK.
Imagem da inauguração da Volkswagen no Brasil, em 18 de novembro de 1959. Juscelino Kubitschek aparece na foto com Heinrich Nordhoff, presidente da Volkswagen mundial.

Construção de Brasília

A meta síntese do governo de Juscelino, a construção de Brasília no Planalto Central brasileiro, foi iniciada em 1957. O projeto urbanístico é do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, enquanto o arquiteto Oscar Niemeyer se concentrou no projeto arquitetônico.

A construção atraiu trabalhadores de todo o país denominados candangos – os primeiros habitantes da cidade que surgiu. Eles foram os grandes construtores de Brasília. O Plano de Metas previa também a realização de obras de infraestrutura, entre elas a construção de rodovias.

Elas promoveriam a integração do território nacional e justificariam o fomento à indústria automobilística. Assim, mais de 13 mil quilômetros de rodovias foram construídos ligando Brasília aos principais centros urbanos brasileiros. A nova capital foi inaugurada em 21 de abril de 1960.

O país conheceu uma modernização expressiva no período, com a constituição de uma classe média consumidora. Eram os anos dourados. Enquanto as obras para a construção de Brasília prosseguiam, o Rio de Janeiro continuava como capital não apenas política, mas cultural do Brasil. Ali se desenvolveu o estilo musical bossa-nova e o cinema nacional. Alguns autores denominaram o período de governo de JK de República Bossa-Nova.

Veja mais detalhado em JK e a Construção de Brasília.

Consequências do governo JK

No entanto, nem tudo era maravilha; a dívida externa cresceu juntamente com o custo de vida. Embora os investimentos estivessem acontecendo, não havia melhor distribuição da renda nacional, mas sim maior concentração da riqueza do país nas mãos de poucos.

O processo inflacionário corroía o poder de compra dos trabalhadores, e a insatisfação era percebida não apenas nas cidades, mas também no campo. Grupos rurais se organizaram defendendo a reforma agrária, como foi o caso das Ligas Camponesas lideradas por Francisco Julião (ligado ao Partido Socialista Brasileiro), em Pernambuco, e os sindicatos aumentaram a pressão para a melhoria dos salários dos trabalhadores urbanos.

Como se não bastasse essa situação, as disparidades regionais eram pronunciadas, pois grandes investimentos foram feitos na região Sudeste, enquanto o Nordeste padecia com a seca e a falta de investimento.

Isso intensificava a movimentação humana dessa região para o Centro-Oeste, Norte e, principalmente, Sudeste. Juscelino, tentando diminuir as discrepâncias de investimentos, instituiu a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), órgão que atuaria promovendo a infraestrutura e facilitando investimentos privados na região. No entanto, os resultados não eram imediatos e, no curto prazo, não foram significativos.

O período final do governo de Juscelino foi marcado pela crise econômica. A industrialização acelerada, os pequenos investimentos no campo e a construção de Brasília elevaram a inflação e provocaram a insatisfação em diferentes setores da sociedade brasileira. O populismo começava a dar sinais de esgotamento.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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