História

Renascimento do Comércio

O desenvolvimento da agricultura provocou, também, uma explosão comercial. O homem de uma certa comunidade já não consumia tudo que produzia. O excedente de produção começou a ser trocado pelo excedente de outras comunidades.

Durante a Idade Média, além dos castelos (moradia dos senhores), havia os burgos ou cidades (moradia do Clero e local de administração religiosa). Nesses burgos, como nos castelos, a base da economia era a agricultura.

Inicialmente, as trocas eram realizadas apenas dentro de feudos. Entretanto, o comércio local cresceu a tal ponto que passou a ser feito pelos comerciantes das cidades (que estavam ressurgindo) do ocidente europeu.

A circulação de mercadorias aumentou muito. De Flandres, o tecido; da França, o vinho; da Inglaterra, o trigo e, da Ibéria o azeite e as frutas.

O comércio a principio local, tornou-se regional e, depois, evoluiu para um comércio a grandes distâncias: terrestre, fluvial, marítimo e oceânico.

O desenvolvimento do comércio, porém, provocou grandes mudanças na vida dos burgos. Aí, comerciantes misturados à população compravam e vendiam suas mercadorias.

Todavia, com o tempo, os velhos burgos tornaram-se pequenos para abrigar toda a população. Desse modo, para resolver o problema da falta de moradas, foram construídos novos burgos. Enquanto nos velhos burgos a população se dedicava principalmente à agricultura e ao artesanato, nos novos, principal atividade econômica era o comércio.

A expansão do comércio nos novos burgos provocou igual expansão na “industria” do campo. Os artesãos rurais (sapateiros, oleiros, alfaiates, padeiros, tecelões, etc.), que até então vendiam seus produtos no campo, começaram a vendê-los aos comerciantes dos novos burgos.

Usando a matéria-prima trazida pelos comerciantes, os artesãos fabricavam produtos que eram vendidos em outros burgos espalhados pelo Ocidente europeu e até mesmo em outros centros comerciais do mundo. A indústria rural (artesanato) transformava-se em uma industria urbana.

Morando nas cidades, mercadores e artífices (artesãos), visando protegerem-se, criaram associações. Os mercadores criaram as Gildas e os artífices, as Corporações.

Nas regiões de intenso comércio, como Lombardia (Itália), França e Flandres, essas associações criaram as comunas (cidades), cujos governos eram dominados por mercadores e artífices.

Na Idade Média, os burgueses eram antes de tudo homens livres (ou seja, não eram servos), que viviam nas cidades e se dedicavam basicamente ao comércio. O capital que eles possuíam era reduzido. Tinham apenas pequenos negócios.

Com o passar dos anos e o desenvolvimento do comércio os burgueses começaram a enriquecer. Eles vendiam mercadorias, ganhavam dinheiro, compravam mais mercadorias, vendiam e ganhavam mais dinheiro ainda.

Comprar barato e vender car para se obter lucro. Com esse lucro comprava mais mercadoria ainda e aí o lucro aumentava. A maneira de o burgês pensar a economia era totalmente diferente da maneira do Senhor feudal pensar. A riqueza do Senhor Feudal era a terra, que servia para lhe dar prestigio (ele tinha o titulo de nobre) e para que ele pudesse cobrar tributos feudais dos servos. A riqueza do burgês era o capital, uma riqueza que ele investia para conseguir lucros, a fim de aumentar ainda mais seu capital.

Uma outra maneira da burguesia aumentar seu capital era por meio das atividades bancárias. Os burgueses emprestavam dinheiro a juro. Ou seja, o devedor tinha de devolver ao banqueiro uma quantia maior do que aquela que havia tomado emprestada.

Os juros equivalem a uma espécie de aluguel do dinheiro. Os banqueiros acumulam capital graças ao pagamento de juros.

Alguns comerciantes se tornaram banqueiros bem-sucedidos. Puderam construir grandes fortunas para época. Deve-se notar o destaque que o dinheiro estava adquirindo. A terra deixava de ser a única riqueza importante.

A diferença crucial entre Nobre e Burgueses esta no processo de acumulação de capital. O nobre era rico porque tinha muitas terras e o burgês era rico porque tinha acumulado muito capital. O nobre era rico porque tinha muitas terras e o burgês era rico porque tinha acumulado capital.

O dinheiro foi penetrando na vida de todo mundo. O servo já pensava em criar um porco para vender na cidade e poder comprar um barril de vinho. Os barões e os condes já não queriam receber os tributos dos servos em sacos de aveia ou potes com mel. Agora exigiam que os tributos fossem pagos em dinheiro para que pudessem comprar o que os comerciantes ofereciam.

Muitas cidades haviam crescido dentro dos feudos e tinham que pagar-lhes tributos feudais. Algumas delas passaram anos e anos lutando pela autonomia. Quando a conseguiram, tinham um governo próprio, autônomo, e eram chamadas de comunas. Não dependiam mais do Senhor feudal. banqueiros acumulam capital graças ao pagamento de juros.

Os árabes invadiram (século VIII) a Península Ibérica e se tornaram os novos donos do mar Mediterrâneo, interrompendo a grande corrente comercial entre o Ocidente e o Oriente.

Mas a conquista árabe não interrompeu integralmente aquele comércio, que continuou sendo feito pelos comerciantes de Constantinopla através das planícies e dos rios que ligam o mar Negro ao Ocidente europeu.

Esse comércio, via Constantinopla, foi dominado, entre os séculos VIII e XI, pelos comerciantes normandos (suecos, noruegueses e dinamarqueses), desaparecendo no momento em que o Ocidente europeu se tornou essencialmente rural.

No entanto, durante e depois das Cruzadas (expedição militar de caráter econômico, político e religioso durante a Idade Média assunto que vai ser tratado na sequência das aulas)as velhas rotas comerciais ressurgiram, tanto a mediterrânea quanto a de Constantinopla que se ligava ao Báltico. A primeira, dominada pelos comerciantes italianos, e a segunda, pelos flamengos e alemães.

O comércio, via Mediterrâneo, feito através de italianos, fez nascer e deu vida a muitas cidades: Veneza, Nápoles, Florença, Pisa, Gênova (na Itália); Marselha (na França); Barcelona (na Espanha) e Lisboa e Porto em Portugal.

O comércio teve também um grande desenvolvimento entre flamengos, que ligaram a região do Reno ao Canal da Mancha, ao mar do Norte e do Báltico.

Outro grande foco comercial se desenvolveu entre os comerciantes alemães que, pouco a pouco, se infiltraram no comércio do Mar do Norte e do Báltico.

Para defender os seus interesses comerciais, os alemães criaram a Hansa da Alemanha, com sede em Londres e,depois, a Liga Hanseática, com sede em Lubeck (Alemanha).

As hansas (ligas ou associações) espalharam seus comerciantes do Báltico ao Atlântico e à Rússia, vendendo e comprando mercadorias.

Criou-se também um intenso comércio entre o Oriente e o Ocidente, através dos árabes, italianos e flamengos, via mar Mediterrâneo e Alpes.  Esse comércio desenvolveu muitas cidades da Itália, como Veneza, Milão, Nápoles, Pisa e Gênova, entre outras, e cidades da Europa (Paris, Ypres, gand e Bruges).

Nessas cidades, nasceram dois tipos de trabalhadores: o pequeno artífice, com o trabalho permanente nas corporações, e o trabalhador temporário, quase sempre sem ofício, vagando de cidade em cidade, de emprego em emprego. O mundo moderno estava nascendo.

Texto escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva licenciada pela Fundação Universidade federal do Rio Grande – FURG.

Referências Bibliográficas

FRANCO Jr, Hilário. Idade média. Nascimento do Ocidente. São Paulo, Brasiliense, 1998.

FERREIRA, José Roberto Martins, História. São Paulo: FTD; 1997.

Autoria: Patrícia Barboza da Silva

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