Artes

Os 16 Principais Artistas do Renascimento

O termo “renascimento” surgiu em oposição ao medievalismo, caracterizado pelos filósofos e artistas como a “Idade das Trevas” e o retorno à cultura clássica, greco-romana, antropocêntrica, racionalista, individualista e universal.

Essa atitude provocou uma profunda transformação nas artes e no pensamento europeu. A Igreja deixou de ditar as normas de comportamento.

Veja os principais artistas, autores e obras deste período:

1) Pintura e escultura renascentista

Sandro Botticelli (1445 – 1510)

Sandro Botticelli, um dos mais célebres pintores de Florença, contou com a proteção da família Médici, que era a mais poderosa da cidade e uma das mais influentes da península Itálica.

Ele é autor dos célebres quadros A Primavera e o Nascimento de Vênus e ainda trabalhou nas paredes laterais da Capela Sistina, em Roma, retratando em afrescos a vida de Cristo e a de Moisés.

Quadro do Renascimento.
O Nascimento de Vênus, 1483 a 1485.

O quadro A Adoração dos magos é um dos temas favoritos do autor. O motivo principal desse quadro são as ruínas de um templo clássico que domina e harmoniza o conjunto de grupos de adoradores cercados pela paisagem, ao fundo.

Leonardo da Vinci (1452-1519)

Obra de Leonardo Da Vinci.
O quadro Mona Lisa, coleção do Museu do Louvre, em Paris, atrai admiradores, leigos e especialistas no assunto, devido ao seu sorriso enigmático.

Além de pintor, Da Vinci destacou-se em vários campos do saber. É considerado o homem do Renascimento por excelência. Entre várias obras-primas destacam-se a Mona Lisa, A virgem dos rochedos e Madona e o menino.

Tida como um ícone do Renascimento, a Mona Lisa é lembrada por todos quando se fala em Renascimento. O sorriso enigmático e o olhar intrigam a todos. Da Vinci, um mestre no jogo de luz e sombra, inovou na perspectiva e no traço.

Na obra A virgem dos rochedos, um conjunto de rochas faz fundo para o grupo e as figuras estão dispostas de maneira a formar uma pirâmide. A disposição geométrica e a luz que incide sobre o rosto da virgem formam o centro da obra. A profundidade do quadro é dada pela luz que brilha além da escuridão das pedras.

Michelangelo (1475-1564)

Celebrizou-se na pintura dos afrescos no teto da Capela Sistina, que tem esse nome devido ao Papa Sisto IV, que a mandou construir (1471-1484).

Obra renascentista de Michelangelo.
Visão parcial do teto da Capela Sistina

Em 1508, o papa Júlio II confiou a Michelangelo Buonarroti o teto da capela para decorar. O artista retratou cenas bíblicas como A criação de Adão, A criação de Eva, A queda, O dilúvio, O Juízo Final

Na escultura, Michelangelo realizou obras-primas como Pietá, Moisés e Davi.

Rafael Sanzio (1483-1520)

Considerado como o pintor que melhor desenvolveu, na Renascença, os ideais de harmonia e regularidade de formas e de cores.

A obra A virgem de Alba é considerada como uma das mais perfeitas de Rafael. A semelhança entre esta obra e a obra Virgem e a Sibylis, de Michelangelo, atesta a fascinação e a admiração de Rafael por Michelangelo.

Obra renascentista de Rafael.
Esta obra de 1511 possui um diâmetro de 98 cm e retrata a Virgem Maria, o menino Jesus e São João Batista, todos olhando fixamente para a cruz entregue por João Batista a Jesus. É conhecido como A Virgem de Alba porque pertenceu aos duques de Alba, uma das mais antigas e poderosas famílias da nobreza espanhola.

2) literatura renascentista

No século XIV, surgiram, na Itália, grandes nomes da literatura, considerados os precursores do movimento renascentista.

Nas obras desses autores, o homem foi colocado como o centro das atenções e a visão de mundo medieval, teocêntrica, foi criticada.

São eles: Dante Alighieri, autor de A divina comédia, Francisco Petrarca, autor de Sonetos e Laura, e Giovanni Boccaccio, autor de Decameron.

A divina comédia foi inspirada nos poemas clássicos de Homero e Virgílio. Dante dividiu sua obra em três partes: o Paraíso, o Purgatório e o Inferno, analisando a sociedade então vigente, que estava passando por profundas transformações sob o ponto de vista da razão.

Decameron é uma coleção de cem novelas contadas para moças e rapazes que se refugiaram no campo, nas imediações de Florença, para fugir da peste negra que se alastrava na cidade. O livro traz também descrições dessa doença e seus efeitos sobre as pessoas.

William Shakespeare (1564-1616)

Num vilarejo a 130 km de Londres, em Stratford-on-Avon, nasceu, em 23 de abril de 1564, William Shakespeare, que se tornaria uma referência mundial em se tratando de teatro.

Em 1588, a Inglaterra derrotou a invencível armada espanhola e, a partir daí, sua hegemonia nos mares tornou-se um fato incontestável. Nas cidades, a grande diversão era assistir às peças teatrais, inclusive com a presença da rainha, que estimulava a efervescência cultural que tomava conta do país a partir das novidades que artistas e filósofos traziam de outros lugares da Europa.

Shakespeare chegou a Londres em 1587 e logo ficou fascinado e encantado com os saberes e os sabores da cidade grande. Aos poucos, entusiasmado pelo teatro, foi conseguindo chegar perto dos atores e autores.

Em 1591, ele escreveu sua primeira peça, Henrique IV. Suas obras mais conhecidas são: Sonhos de uma noite de verão, Romeu e Julieta, Macbeth, Hamlet e Henrique V. Suas peças são até hoje encenadas e também adaptadas para o cinema, em todo o mundo.  Segundo um amigo: “Sua obra não pertence a uma época, mas a todas”.

Miguel Cervantes (1547-1616)

Na Espanha, o grande nome é Miguel Cervantes, autor de Dom Quixote de la Mancha.

Nessa obra, Cervantes satiriza a cavalaria medieval, criticando os costumes da época.

Quixote se apresenta como um visionário, magrelo, sem o garbo dos cavaleiros medievais que as novelas de cavalaria difundiam. Seu cavalo é um animal fraco e de cor amarelada indefinida, o oposto dos belos cavalos dos romances. Seu fiel companheiro é o Sancho Pança, gordo, desajeitado, mas que representa a ligação entre a vida real e os sonhos de D. Quixote.

Cervantes lutou em inúmeras batalhas, entre as quais a de Lepanto, contra os turcos, onde feriu a mão esquerda, “para maior glória da direita”, como diria mais tarde. Nessa batalha marítima, a esquadra turca foi praticamente destruída, no ano de 1571, ao enfrentar a Santa Liga, formada por Veneza, Espanha, Santa Sé, Gênova e Savoia. Com essa derrota, os turcos otomanos perderam seu controle sobre o Mediterrâneo ocidental.

Ele morreu em 1616, em Madri, mesmo ano da morte de Shakespeare

Luís Vaz de Camões (1524-1580)

Camões, de família nobre, mas empobrecida, teve acesso à corte do rei D. João III. Sua vida pessoal foi marcada por amores turbulentos. Um desses amores o obrigou a sair de Portugal. Como soldado, lutou na África contra os árabes, onde perdeu um olho. Depois foi para a Índia, Moçambique e chegou até Macau, na China, onde se enamorou por Dinamene, morta num naufrágio. A ela, Camões dedicou um soneto.

Após dezessete anos, Camões retornou a Portugal e publicou o poema épico Os lusíadas, em que narra a viagem de Vasco da Gama às Índias e glorifica os feitos do povo português.

Camões morreu em 1580 e, logo em seguida, Portugal caiu sob o domínio espanhol, ficando sob a tutela filipina até 1640, encerrando um período de glórias e de conquistas territoriais e intelectuais.

3) Filosofia renascentista

Nicolau Maquiavel (1469-1527)

A Itália de seu tempo estava subdividida em vários reinos e ducados rivais pressionados por outros países europeus. A riqueza das cidades italianas de Gênova, Veneza e Florença atraía a cobiça de outros países e Maquiavel pensou em uma Itália unificada sob o comando de um governante habilidoso e astuto.

Maquiavel assumiu cargos no governo florentino, participando de negociações externas e assessorando alguns embaixadores, o que lhe valeu de experiência para sua obra-prima O príncipe.

O príncipe foi dedicado a Lourenço de Médici, o Magnífico, e Maquiavel defende a formação de um Estado independente da Igreja. Ele coloca o processo político além da moral, porque “nas ações do príncipe (governante) o que se considera é o resultado”, portanto para ele: “os fins justificam os meios”.

Erasmo de Rotterdam (1466-1536)

Erasmo nasceu na Holanda, em 1466, uma das regiões mais pobres que pertencia ao duque de Borgonha.

Foi um dos maiores humanistas da Renascença e tornou-se amigo de quase todos os intelectuais da época.

Em sua estada na Itália, ficou fascinado pela imprensa, que, para ele, era muito mais do que uma conquista da técnica: “É o instrumento da nova época, que abrirá a todos as portas da cultura”.

Na Inglaterra, hospedou-se na casa de seu amigo Thomas Morus, que era chanceler da corte de Henrique VIII, e lá escreveu sua obra-prima O elogio da loucura. Nessa obra, ele fez veementes críticas ao clero, atacando o luxo e a vida desregrada que o clero vivia e a hipocrisia da sociedade num mundo governado pela loucura.

Thomas Morus (1478-1535)

Thomas Morus foi um dos grandes destaques da literatura humanista da Renascença. Amigo de Erasmo e do pintor Hans Holbein, sua casa era um ponto de encontro de artistas e intelectuais.

Durante o reinado de Henrique VIII, ele foi nomeado chanceler do governo, mas acabou entrando em choque com o rei e foi condenado à morte. Thomas Morus, um católico fervoroso, se opôs ao divórcio do rei com Catarina de Aragão. O pedido de divórcio não foi aceito pelo papa e Henrique VIII aproveitou-se do fato para romper com a Igreja Católica e aderir ao movimento da Reforma religiosa. Seu chanceler Thomas Morus permaneceu fiel ao papa e foi condenado à morte.

A obra que inscreveu Morus na história foi Utopia, que descreve uma sociedade ideal em que todos trabalham e vivem felizes, sem miséria e sem exploração, condenando o desejo pelo poder e a ganância. Utopia significa literalmente “lugar nenhum” e, atualmente, tem o significado de sonho, ilusão.

4) Renascimento científico

O desenvolvimento científico renascentista refletiu o espírito do novo homem: racionalista e crítico. As respostas para os problemas só poderiam ser formuladas a partir de uma investigação racional e de experiências.

Surgiram grandes nomes que firmaram as bases das ciências modernas, como Galileu Galilei na física, Copérnico e Kepler na astronomia, Miguel Servet, William Harvey, Ambroise Paré e Vesálio na medicina e na anatomia.

Galileu Galilei (1564-1642)

Considerado um dos pais da física moderna, ao defender a tese de que a Terra girava em torno do Sol, ele foi convocado a comparecer ao Tribunal da Santa Inquisição.

Para não ser condenado à fogueira, ele acabou “concordando” com as teorias da Igreja de que a Terra se encontrava estática no céu, porém, ao se retirar, teria dito bem baixinho… “mas que ela se move, se move.”

Nicolau Copérnico (1473-1543)

Nascido na Polônia, Copérnico defendeu a teoria heliocêntrica, na qual o Sol era o centro do Universo, contestando a teoria de Ptolomeu, aceita pela Igreja, que defendia a teoria geocêntrica, isto é, a Terra era o centro do Universo.

Ele defendia ainda que a Terra realizava dois movimentos simultâneos: um em torno de seu próprio eixo, com duração de 24 horas, e outro em torno do Sol, com duração de um ano. Sua teoria influenciou Galileu, que passou a defendê-la até enfrentar a Inquisição.

Ambroise Paré (1510-1590)

Participou de várias guerras como cirurgião-mestre. Suas experiências foram relatadas no livro Método de tratar feridas por arcabuzes, que descreve a técnica de ligadura dos vasos sanguíneos nas amputações. É considerado um dos fundadores da moderna cirurgia.

Leonardo da Vinci (1452-1519)

É considerado por todos o homem renascentista completo. Quando chegou à Florença, em 1466, cidade dominada pelos Médici, floresciam arquitetos, engenheiros, pintores, escultores, alfaiates e ourives.

Leonardo foi contratado por Lourenço, o Magnífico, para projetar o jardim da Praça de São Marcos.

Mais tarde, foi enviado para Milão, onde apresentou ideias e esboços de máquinas de guerra a Ludovico Sforza. Entretanto, essas visões de armas tão mortíferas esbarravam num “pequeno” problema: não havia, na época, ninguém que pudesse construir seus inventos: helicóptero, paraquedas, aeroplano, metralhadora etc.

Em Roma, Da Vinci dissecava cadáveres penetrando nas salas de autópsias, à noite, para estudar a anatomia humana.

Convidado pelo rei Francisco I, ele foi para a França após a morte de seu mecenas Juliano de Médici, em 1516. Morreu em 1519, na França, deixando obras inacabadas em vários lugares.

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