Economia

Pecuária

Tradicionalmente considerada um complemento da agricultura, a pecuária se desenvolve em quase todos os países. Existem três modalidades principais: o pastoreio nômade, a criação extensiva e a criação intensiva.

Características da pecuária

A pecuária foi uma das primeiras atividades econômicas praticadas pelo homem, e consiste na criação dos diferentes tipos de animais para seu aproveitamento. Dependendo da espécie do animal criado, é possível aproveitar carne, leite, ovos, couro, lã, mel etc. Alguns animais também podem ser utilizados como força de trabalho ou, simplesmente, destinar-se à reprodução.

No mundo, as espécies mais numerosas são as que constituem os rebanhos bovino, ovino e suíno. Mas também têm especial importância os rebanhos caprino e equino e a criação de coelhos (cunicultura), de aves (avicultura) e de abelhas (apicultura).

Em uma granja, a atividade de criação de animais pode ser exclusiva ou adotar sistemas mistos, com a prática simultânea do cultivo de vegetais. Nas explorações agropecuárias, a agricultura produz a maior parte do alimento para os animais, e estes proporcionam o esterco para fertilizar os terrenos.

Diferentes espécies animais

A pecuária foi considerada tradicionalmente como complementar à agricultura e, em gera sua prática esteve localizada nas zonas menos favoráveis para os cultivos.

Hoje, a criação de animais é praticada em todo o mundo. Sua área de extensão é maior que a da agricultura, já que a criação de animais pode ocorrer em regiões onde o clima impede o desenvolvimento de plantações. Além disso, o aumento do rebanho confinado e o desenvolvimento de novas técnicas de alimentação permitiram menor dependência das condições do meio natural.

  • Rebanho bovino. Aproveita-se a carne, o leite e o couro. O maior produtor de carne bovina é os Estados Unidos, e o segundo, o Brasil. Entre os grandes produtores também estavam a China, a Argentina e a Índia.
  • Rebanho ovino e caprino. Desses animais, aproveita-se carne, leite (com o leite de cabra são elaborados queijos excelentes), pele, lã e outras fibras do pelo. Os principais produtores de carne e lã de ovinos são a China, a Austrália e a Nova Zelândia, e de carne caprina, a China, a India e o Paquistão.
  • Rebanho suíno: O porco é um dos animais mais rentáveis. Dele se aproveitam a carne, a gordura, a pele para elaborar couro, os pelos para fabricar escovas etc. O principal produtor é, por larga margem, a China, seguida pelos Estados Unidos, União Europeia (UE) e Brasil.
  • Avicultura: Das aves são aproveitadas sobretudo a carne e os ovos. Os maiores produtores são os Estados Unidos, a China e o Brasil — este o maior exportador mundial de carne de frango.
  • Equinos: Os equinos (cavalos) chegaram ao continente americano com os espanhóis, que os utilizavam para grande parte das tarefas, desde o transporte até a guerra. Atualmente, o Brasil tem o maior rebanho de equinos da América Latina e o terceiro rebanho mundial. Se somarmos a esse rebanho os muares (mulas, burros e bardotos – animal híbrido do cruzamento do cavalo com jumenta) e asininos (jumentos ou jegues ou asnos) serão aproximadamente 8 milhões de cabeças.
  • Bufalinos: Nos últimos anos, a criação vem ganhando força em razão do crescimento de derivados do leite dessa espécie, destinado à produção de queijos e manteiga utilizados na culinária mais sofisticada. A carne é também apreciada por apresentar baixos índices de gordura e maior percentual de proteína que a carne bovina.
  • Aquicultura: A aquicultura consiste na criação de organismos vivos em ambientes aquáticos. Os principais produtores de pesca e captura marina são a China, Indonésia e Estados Unidos.

Principais modalidades da pecuária

A pecuária passou por profundas mudanças no último século: a seleção de raças aumentou o lucro; muitas doenças que afetavam os rebanhos foram vencidas com o uso da tecnologia; houve incremento notável da produção e os sistemas de refrigeração e congelamento permitiram transportar os produtos por longas distâncias.

Mas a mecanização e o uso de técnicas modernas não são empregados de modo homogêneo na criação de animais. Destacam-se três sistemas principais: o pastoreio nômade, a criação extensiva e a criação intensiva.

Pastoreio nômade

Atualmente, o pastoreio nômade é o modo de subsistência de alguns povos, como os tuaregues, que habitam o deserto do Saara; os masai, que povoam as montanhas do Quênia e da Tanzânia; e alguns lapões, também chamados saamis, que vivem em terras setentrionais da península da Escandinávia e da Rússia.

Não se pode confundir o pastoreio nômade com a transumância, que é o deslocamento temporário do rebanho em busca de pastos. Diferentemente do nomadismo, a transumância não implica o movimento de toda a família ou de grupos humanos com os animais, e ainda se pratica em sociedades desenvolvidas.

Criação extensiva

Gado no pasto (criação extensiva).

A criação extensiva é própria das grandes explorações, nas quais o rebanho vaga pelo campo e se alimenta fundamentalmente de pastos naturais. Esse tipo de criação requer escassos investimentos de capital, em mão-de-obra e em alimento para o rebanho (sobretudo bovino e ovino). Sua principal vantagem é o respeito ao meio ambiente, e sua maior desvantagem, a baixa produtividade. Esse sistema se destaca no centro-oeste americano, na Argentina, no sul da Rússia, no Brasil e na África do Sul.

Criação intensiva

Gado confinado (criação intensiva).

Na criação intensiva, o gado fica confinado em estábulos, às vezes sob determinadas condições de temperatura, luz e umidade, criadas artificialmente para aumentar a produção no menor tempo possível, e se alimenta sobretudo de rações enriquecidas.

Esse sistema exige elevados investimentos em instalações, tecnologia, mão-de-obra, alimento. Sua principal vantagem é a alta produtividade, e sua maior desvantagem, a poluição que produz.

É predominante no leste dos Estados Unidos, no Canadá e na Europa Ocidental. Próximo às cidades, foram construídas numerosas fazendas, nas quais ocorre uma exploração mais industrial. Sua produção está ligada ao abastecimento urbano e se criam sobretudo suínos, aves e coelhos.

Iniciativas para modernizar a criação de animais

A pecuária orgânica é uma boa opção para reduzir os impactos da criação de gado no meio ambiente. São proibidos o uso de fogo nas pastagens e a aplicação de agrotóxicos. Além disso, os bois são vacinados e certificados, não recebem hormônios para engorda e são tratados com homeopatia.

Os benefícios vão além do meio ambiente, pois chegam também ao consumidor da carne orgânica. Entretanto, enquanto um boi comum chega à idade de abate aos 18 meses, devido à ação dos hormônios, o orgânico demora 3 anos, o que pode encarecer o produto final.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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