Geografia do Brasil

Agropecuária no Brasil

O Brasil destaca-se entre os países que lideram as exportações de produtos agropecuários. Com elevada produção do setor, o país é considerado um grande celeiro no mundo.

Agropecuária é o conjunto de atividades que utilizam a terra como fator de produção, sendo a agricultura e pecuária seus subsetores. Dela depende muito a balança comercial brasileira e a exportação de commodities como soja, café, milho, açúcar, entre outros.

A ocupação do território brasileiro pela agropecuária não é regular, havendo áreas com maior ocupação que outras. Essas diferenças têm diversas explicações, como o processo de ocupação territorial e as condições geológicas, pedológicas e climáticas que podem facilitar ou dificultar essa ocupação.

Outro fator importante a ser destacado são as áreas de mata nativa, que não apresentam grande ocupação agropecuária por questões ambientais, uma vez que devem ser preservadas para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas.

Mapa do Brasil destacando os principais estabelecimentos agropecuários.
Ocupação da terra pela agropecuária no Brasil.

Agronegócio

O agronegócio comanda a organização do espaço produtivo. Vultosos investimentos em tecnologia (agricultura de precisão) e pesquisa permitiram aproveitar de maneira mais eficiente e produtiva o espaço, gerando alta rentabilidade e produção e colocando algumas commodities agropecuárias brasileiras em destaque mundial.

O agronegócio representa aproximadamente 23% do PIB brasileiro. O país apresenta grande parte de sua economia apoiada no setor primário. Esse setor produtivo, apesar de gerar produtos com baixo valor agregado, ou seja, comercializados in natura ou com pouca transformação, tem grande importância econômica para o Brasil, sendo um de seus setores produtivos estratégicos.

Como a base da agropecuária está no ambiente do campo, o estudo da constituição e do desenvolvimento rural no Brasil é importante para que se possa compreender sua diversidade econômica e produtiva. Assim, é possível entender como a produção agropecuária se distribui espacialmente pelo território nacional.

Principais exportações brasileiras do setor de alimentos, produtos hortícolas e de origem animal do Brasil. (Fonte: OEC)

Agricultura no Brasil

O Brasil é o sexto país que mais exporta produtos agrícolas, atrás apenas de China, Índia, Indonésia, Paquistão e Nigéria. Segundo dados apresentados pela Embrapa, em 2019, 7,8% do território nacional brasileiro são ocupados por lavouras.

Apesar de menos de 10% de toda a área territorial do Brasil ser utilizada para o cultivo de lavouras, esse valor percentual do território é bastante expressivo em termos absolutos e representa o quinto maior cultivo do mundo, atrás de Índia, EUA, China e Rússia.

Esses valores demonstram que o Brasil tem grandes áreas agricultáveis que apresentam também grande produção de riquezas para a composição do PIB nacional. Cabe salientar que algumas questões, como a questão fundiária, interferem no aproveitamento da capacidade produtiva do país.

A importância da produção agrícola brasileira tem origem na economia do início de sua ocupação pelos europeus, havendo uma relação histórica entre a formação e o desenvolvimento do território nacional e essas atividades. As principais produções do espaço agrário brasileiro são a cana-de-açúcar, o café, a soja e o milho.

Cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar é uma espécie vegetal originária das regiões tropicais do sul e do sudeste da Ásia, e tem como forte característica alta presença de sacarose, o que confere ao paladar um gosto adocicado.

No Brasil, a distribuição das plantações de cana, por questões climáticas e de solo, criam dois ciclos de produção distintos e alternados: um nas regiões Norte e Nordeste, cuja colheita ocorre de novembro a abril, e outro no Centro-Sul, cuja colheita, em geral, ocorre entre os meses de abril e novembro.

É destinada não só à produção açu- careira, mas também à produção de etanol e para outros usos. E é terceiro maior cultivo do país em área plantada, ficando atrás da soja e do milho.

Café

O café, que hoje é tão popular no Brasil, é originário de Kafta, na Etiópia (África). Seu nome científico é Coffea arabica e acredita-se que as primeiras mudas de plantas chegaram ao Brasil pelas mãos do italiano Francisco de Mello Palheta e introduzido, primeiramente, no Norte brasileiro.

Do norte do país, o cultivo foi se espalhando para o Nordeste e, em seguida, para áreas do Sudeste, onde se adaptou melhor ao clima e ao solo, principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Soja

A soja é um grão obtido da vagem de uma formação vegetal de pequeno porte, originária do leste asiático. Há registros de seu uso para a alimentação humana há cerca de 5000 anos.

A soja foi introduzida no Brasil no fim do século XIX, quando o grão passou a ser plantado na Região Nordeste, para a obtenção de forragem animal, ou seja, para a alimentação dos rebanhos. No entanto, é a partir da década de 1970 que se inicia a expansão do seu cultivo,  primeiro na Região Sul, e posteriormente no Centro-Oeste, alcançando atualmente o status de segundo maior produtor mundial desse grão.

Milho

O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo. Os Estados com os maiores índices de produção são: Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais.

A produção de milho no Brasil contribui, junto com a soja, com aproximadamente 80% da produção de grãos do país. A diferença é que a soja é produzida principalmente para exportação, ao passo que o milho tem grande parte de sua produção voltada ao mercado interno.

Arroz

O Brasil é o maior produtor não-asiático de arroz e sua produção se concentra na região centro-sul, principalmente no estado do Rio Grande do Sul. A maior parte da produção nacional é para consumo interno.

Cacau

O cacau é um fruto proveniente da Amazônia peruana, mas que, antes mesmo da chegada dos colonizadores, já havia se expandido para várias áreas da América, como nos Impérios Maia e Asteca, onde ocorreu o primeiro contato com os europeus. Seus grãos eram tão cobiçados que eram utilizados como moeda para a comprar de diversos produtos e até mesmo de escravos.

No Brasil, a lavoura cacaueira iniciou-se na região norte no atual estado do Pará, mas foi quando se expandiu para o sul da Bahia que a economia que envolve o cacau ganhou força se tornando um dos produtos mais rentáveis para aquela região e para o Brasil.

Pecuária brasileira

Destaque na pauta de exportações brasileiras, a pecuária é a atividade de criação de animais para fins exploratórios, como produção de alimentos, tração (energia), transporte, pesquisa e estudos na área de medicina.

Bovinos

O principal rebanho brasileiro é o de bovinos. Com aproximadamente 215 milhões de cabeças em 2020, segundo o IBGE, é o maior do mundo. Há uma grande concentração no Centro-Oeste, enquanto a Amazônia tem vivenciado uma explosão dessa atividade em suas terras.

No Brasil predominam os animais de origem indiana, especialmente uma variedade de gado zebu denominada nelore, que é criada para corte e se adaptou muito bem ao clima quente e úmido do país.

Foto de perfil do gado nelore.
Gado nelore para corte.

Também são criados no país bovinos de origem europeia, como o gado holandês, Jersey e Hereford. A criação de rebanhos leiteiros vem crescendo de forma intensiva. Os produtores têm interesse em melhorar a qualidade do leite produzido, inclusive em relação ao teor de gordura, além de cumprir metas de higiene e controle sanitário.

Suínos

Outro importante rebanho brasileiro é o de suínos. A região Sul lidera esse tipo de criação. A presença de frigoríficos que processam a carne de porco também é numerosa na região.

Há um grande controle sanitário em relação ao processamento da carne suína. Alguns países, como a Rússia, impunham barreiras sanitárias à entrada desse tipo de carne vinda do Brasil, mas, devido aos avanços no setor, voltaram a importar carne suína brasileira. Hoje, as condições de criação e abate desses animais no país se assemelham às adotadas nos países desenvolvidos.

Ovinos e caprinos

A criação de rebanhos de ovelhas e cabras vem crescendo acentuadamente no Brasil. O Nordeste é a região líder desses rebanhos, em seguida vem a região Sul.

Nas duas principais regiões de criação, o destino da produção é bastante diferenciado. No Nordeste, aparecem como criações de subsistência cujo destino final é fornecer derivados para a população do meio rural. No Sul, predomina o rebanho ovino denominado lanado, por apresentar pelagem mais espessa. São animais mais adaptados ao frio da região, cuja criação objetiva a retirada da lã por meio da tosquia, além da produção de carne.

Equinos

Reunindo mais de 5,8 milhões de cabeças, o rebanho brasileiro de equinos era o terceiro maior do mundo em 2020. No país, os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul lideram esse tipo de criação.

São utilizados principalmente como animais de tração e sua criação para fins de lazer vem crescendo. Porém, observa-se uma grande contradição entre os animais de alto valor comercial, criados em haras selecionados, e os que muitas vezes estão entre os carros nas grandes cidades brasileiras e sofrem maus-tratos.

Muares

Os muares correspondem aos rebanhos de mulas e burros, que resultam do cruzamento de jumentos e jumentas com éguas e cavalos. São muito utilizados como animais de tração. O Nordeste lidera a criação nacional.

Asininos

Os asininos são os jumentos ou asnos. Sua região de origem é a Etiópia, no continente africano, mas foram trazidos para o Brasil. São muito utilizados como animais de tração. O rebanho nacional é calculado em 1,2 milhão de cabeças, das quais 80% são encontradas no Nordeste.

Bubalinos

Outro rebanho criado no Brasil é o de bubalinos. Os búfalos chegaram ao Brasil em 1870 e sua criação foi introduzida na ilha paraense de Marajó. O total do rebanho nacional é de 1,4 milhão de animais, e até hoje o Pará lidera sua criação, seguido pelos estados do Amapá, Maranhão, Paraná e Rio Grande do Sul. O consumo de queijo produzido com o leite de búfala já está bastante difundido e o interesse pela carne desse animal, considerada saborosa e magra, tem crescido,

Avicultura

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango do mundo. Em números absolutos, a criação de aves no país responde pelo maior número de animais criados.

O Brasil conta com nítidas vantagens nesse mercado devido a sua grande extensão territorial, oferta de grãos para ração e disponibilidade de mão-de-obra para o setor.

Há outras aves criadas para abate no país como o peru, cuja carne, considerada pouco gordurosa, tem tido um aumento em seu consumo. Os produtores investem em melhorias das tecnologias de criação desses animais e, sobretudo, no controle de doenças parasitárias.

O avestruz também vem despontando no cenário da avicultura nacional. Os primeiros chegaram ao país em 1995 e o crescimento da estrutiocultura (criação de avestruzes) já coloca o país na quarta posição mundial, atrás somente da África do Sul, Austrália e Israel.

Piscicultura

A criação de peixes e outros animais aquáticos, como ostras, mexilhões e camarões de água doce e salgada, é uma das atividades agropecuárias que mais cresceram no Brasil a partir da década de 1990. O Ministério da Agricultura estimou o total de peixes em 2020 em aproximadamente 529,6 milhões.

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