Geografia do Brasil

Faixas de Transição dos Domínios Morfoclimáticos

São denominadas faixas de transição as áreas intermediárias entre os domínios morfoclimáticos que possuem características físicas complexas, isto é, um conjunto de condições ecológicas que as individualizam, impossibilitando sua classificação como domínios morfoclimáticos.

Elas são unidades paisagísticas complexas que apresentam características físicas de dois ou mais domínios morfoclimáticos, ou seja, mesclam ou agrupam características físicas dos domínios morfoclimáticos circundantes, sendo importantes ambientes ecótonos, resultado dos contatos entre os diferentes biomas fronteiriços.

São três as principais faixas de transição brasileiras: a Mata dos Cocais, o Agreste e o Complexo do Pantanal.

Mapa do Brasil com as faixas de transição.
Áreas de transição, em amarelo.

Mata dos Cocais

A Mata dos Cocais é uma área de transição que abrange os estados do Piauí e do Maranhão, com presença da vegetação da carnaúba e do babaçu, localizada entre os domínios morfoclimáticos da Caatinga, a leste, com clima semi-árido; dos Cerrados, ao sul, com clima tropical típico ou semi-úmido; e Amazônico, a oeste, com clima equatorial e floresta Amazônica.

O relevo dessa faixa é formado por Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba, destacando-se nesta área o rio Parnaíba que, além de dividir os dois Estados, apresenta a foz em delta.

O extrativismo vegetal é uma importante atividade econômica dessa região que apresenta forte expansão da cultura da soja.

Agreste

O Agreste apresenta-se como importante área de transição entre a Zona da Mata, a leste, com clima tropical litorâneo úmido e mata Tropical Atlântica, e o Sertão, a oeste, com presença do Domínio da Caatinga.

O relevo é marcado pela presença do Planalto da Borborema.

A economia está estruturada em minifúndios policultores e gado leiteiro, além de áreas com algodão.

Complexo do Pantanal

O Complexo do Pantanal estende-se pelos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, apresentando extenso relevo de planície que sofre inundações periódicas.

O relevo é classificado por Jurandyr Ross como Planície e Pantanal Mato-Grossense, com formação recente, no Período Quaternário da Era Cenozoica.

A região é drenada pela bacia hidrográfica do Paraguai e o clima é o tropical típico ou semiúmido, com vegetação complexa formada por diversas espécies, entre elas cerrado, florestas, campos, palmáceas, xeromórficas, hidrófilas etc., correspondendo a um mosaico botânico.

A diversidade de espécies da fauna tornou o Pantanal conhecido mundialmente como Santuário Ecológico, além de ser reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera Mundial.

Em relação à economia, a região apresenta principalmente a pecuária bovina extensiva de corte, seguida do extrativismo vegetal do quebracho e da poaia, bem como da expansão agrícola da soja e do milho, e do turismo.

Principais faixas de transição.

Degradação

A expansão da agropecuária sobre as faixas de transição consiste na principal atividade de degradação ambiental, principalmente no que se refere aos ecótonos Cerrado-Amazônia e Cerrado-Caatinga, que estão localizados em áreas de expansão da fronteira agrícola com as culturas da soja, do milho e do algodão, por exemplo.

Proteção

A proteção das faixas de transição precisa ser ampliada urgentemente para preservar os sistemas ecótonos, podendo ser feita por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação pelas Unidades de Uso Sustentável.

Essa proteção é visando à manutenção e ampliação da integração entre ecossistema e comunidades populacionais de quilombolas, seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, povos indígenas, entre outros, como a criação das Unidades de Proteção Integral com reservas biológicas, estações ecológicas, parques nacionais, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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