Geografia do Brasil

Hidrografia Brasileira

A presença abundante de rios é uma característica da hidrografia brasileira: o país apresenta algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo.

Características gerais

O Brasil é banhado por rios extensos e caudalosos, por causa do clima quente e úmido. Já o relevo interfere na presença de inúmeras cachoeiras e, principalmente, na direção para qual os rios correm. As vertentes direcionam a maioria das bacias para o oceano Atlântico.

Os recursos hídricos estão mal distribuídos pelo território, as áreas de escassez limitam-se a região nordeste. No entanto, o país apresenta cerca de 15% de toda a água doce superficial do mundo.

No território brasileiro encontram-se rios de planalto (maioria), que atravessam áreas de relevo acidentado e, portanto, apresentam cachoeiras. Estes favorecem a geração de energia hidrelétrica. Há também rios de planície, que atravessam áreas de relevo com desníveis suaves. São rios que favorecem a navegação.

Há o predomínio do regime pluvial tropical (as chuvas que determinam a variação do volume de água dos rios), no qual as cheias coincidem com a estação mais chuvosa do ano, o verão, que se estende de dezembro a março.

Há também o predomínio de rios exorreicos, aqueles que desaguam no oceano, e perenes, os rios que nunca secam. Muitas desembocaduras (foz) dos nossos rios apresentam forma de estuário.

Divisão da hidrografia do Brasil

A Resolução nº 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional em 12 Regiões Hidrográficas.

As 12 regiões hidrográficas do Brasil.

Região Hidrográfica Amazônica

A região está inserida na bacia Amazônica, mas se limita ao território brasileiro. Com um extensão de 3.870 mil km², que equivale a 45% do território, abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará

Seu rio principal, o Amazonas, apresenta extensão total de 7100 km e troca de nome várias vezes ao longo de seu percurso. Inicialmente, no território peruano, é chamado de rio Apurinac; depois seu nome muda para rio Ucayali. Na fronteira do Brasil, passa a chamar-se Solimões. A partir da cidade de Manaus, recebe o nome de Amazonas.

A região norte configura-se como uma provável fronteira para a exploração do potencial hidrelétrico brasileiro, do qual mais de 60% ainda podem ser aproveitados.

Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia

Considerada a maior bacia hidrográfica situada totalmente no Brasil, a bacia do Tocantins-Araguaia drena 10,8% do território nacional, tendo uma área de 920 mil km². Atravessa terras dos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Tocantins. Nela foi construída a segunda maior hidrelétrica do país, a usina de Tucuruí.

Porém, essa bacia oferece mais de 3 mil km de trechos navegáveis. Por causa disso, existe uma grande polêmica referente à utilização de suas águas para navegação de embarcações de grande porte. O projeto da hidrovia Tocantins-Araguaia vem sendo profundamente questionado por atravessar áreas de proteção ambiental e terras indígenas e por ameaçar um ecossistema aquático de grande biodiversidade.

Região Hidrográfica do Parnaíba

A bacia do parnaíba drena 3,9% do Brasil, tem uma área de 333.056 km² e atravessa as terras dos estados do Ceará, Maranhão e Piauí.

Seu rio principal é o Parnaíba, com 1700 km de extensão, sendo o maior rio navegável do nordeste. Forma o maior delta em mar aberto do continente americano, o delta dos guarás.

Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental

Essa região drena 3% do território nacional, tendo uma área aproximada de 274.300 km², compreende o estado do Maranhão e uma pequena parte do Pará.

Um rio importante da bacia é o Mearim, com 930 km, situado a cerca de 160 km da capital maranhense. Suas águas são muito utilizadas para a irrigação de diversos cultivos como o do arroz. No entanto, estudos comprovam que há excesso de contaminação dessas águas com agrotóxicos utilizados de forma indiscriminada na produção agrícola.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

A região ocupa uma área de cerca de 286.800 km² (3,4% do território nacional), abrangendo 6 estados: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.

O rio Jaguaribe faz parte dessa bacia. Nasce na serra da Joaninha, no estado do Ceará, atravessando um trecho de 610 km de terras com escassez hídrica devido ao clima semiárido. Também deve-se destacar os rios Beberibe e Capibaribe que atravessam a cidade de Recife, capital do estado de Pernambuco. Parte significativa do antigo centro histórico da cidade foi construído junto a esses cursos d’água.

Região Hidrográfica São Francisco

Com 638.466 km2, a bacia do São Francisco é a segunda maior bacia hidrográfica totalmente situada em território brasileiro. Compreende os estados: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás, e Distrito Federal.

O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e tem grande importância por ser um rio perene que atravessa o sertão semiárido nordestino. Liga o Nordeste e o Sudeste, as duas regiões que historicamente correspondem aos mais antigos centros de povoamento e são hoje as mais populosas do país. Por causa dessa ligação, o São Francisco é conhecido como o “rio da integração nacional”. Atravessa terras dos estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Alagoas.

É um típico rio de planalto, apresentando inúmeras cachoeiras ao longo de seu curso. No entanto, há alguns trechos navegáveis, e o desenvolvimento da agricultura irrigável em suas margens é notável.

Região Hidrográfica do Atlântico Leste

Essa região é formada principalmente pelos rios Jequitinhonha, Pardo e de Contas. Ocupa uma área de 388.160 km², dos quais 69% encontram-se na Bahia, 26% em Minas Gerais, 4% em Sergipe e 1% no Espírito Santo.

O rio Jequitinhonha atravessa o nordeste de Minas Gerais e o sudeste da Bahia e é o recurso hídrico mais importante da região. Porém, as modificações ambientais provocadas pelos homens geraram desmatamento em suas cabeceiras, enquanto a mineração assoreava seus cursos d’água.

Soma-se a isso o fato de o vale do rio apresentar escassez hídrica, o que gerou um processo de abandono econômico e, consequentemente, exclusão social. Isso explica o intenso êxodo rural para as grandes cidades e um crescente esvaziamento demográfico da região.

Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste

Os principais rios da região são o Paraíba do Sul, o Doce e o Ribeira do Iguape. Possui uma área de 214.629 km² que equivalente a 2,5% do país e compreende 5 estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Com uma extensão de 853 km, o rio Doce tem como formadores os rios Piranga e Carmo, que nascem nas encostas das serras da Mantiqueira e do Espinhaço. Apresenta grande destaque econômico, pois ao longo de seu vale encontra-se o maior complexo siderúrgico da América Latina e a maior mineradora a céu aberto do planeta: a Vale, antes denominada Companhia Vale do Rio Doce.

O vale do Ribeira é constituído pela presença do Complexo Estuarino Lagunar de Iguape e pela área atravessada pelo rio Ribeira do Iguape, que nasce na serra de Paranapiacaba, Paraná, e constitui o principal recurso hídrico da região. Apesar de o vale estar encaixado entre dois dos mais desenvolvidos estados do país, São Paulo e Paraná, houve uma importante preservação ambiental na área.

Além dos remanescentes de Mata Atlântica, o vale do Ribeira tem um dos maiores patrimônios espeleológicos do país. No entanto, não há uma organização econômica consistente em prol do manejo sustentável e, por isso, a região apresenta os mais baixos indicadores socioeconômicos de São Paulo e Paraná.

Região Hidrográfica do Atlântico Sul

Essa região, cujo os rios mais importantes são o Capivari e o Itajaí, drena 2,2% do território nacional, tendo uma área de 187.552 km² e atravessando 4 importantes estados: Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.

O vale do Itajaí está situado no norte do estado de Santa Catarina e abriga uma área de grande influência da colonização alemã, sendo um importante centro têxtil. Algumas vezes, houve grandes cheias no vale, que trouxeram destruição a cidades como Itajaí, Joinville e Blumenau.

Região Hidrográfica do Paraná

Seu maior rio é o Paraná, um típico rio de planalto, que apresente excelente potencial hídrico. Suas águas alimentam as turbinas da segunda maior hidrelétrica do mundo, Itaipu.

A região drena 10% do território nacional e ocupa uma área de 879.873 km², atravessando os estados de: DF, GO, MS, MG, PR, SC e SP.

Região Hidrográfica do Paraguai

A bacia do Paraguai é fortemente influenciada pelas baixas altitudes do relevo local, que toma lento o escoamento das águas e provoca seu transbordamento durante o período das cheias, inundando vastas áreas. Por causa da baixa declividade, as águas que caem a montante do rio chegam a demorar quatro meses para atravessar toda a sua planície. O Pantanal faz parte dela.

Seu maior rio, o Paraguai, é tipicamente de planície, apresentando grande navegabilidade. Une-se ao rio Paraná formando o rio da Prata.

A região possui uma área de 363.446 km², abrangendo parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Está em funcionamento nessa bacia uma importante hidrovia: a Tietê-Paraná. Com 2.400 km de navegabilidade, foi efetivada graças à construção das eclusas de Três Irmãos e Jupiá. Além de facilitara integração entre Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, viabiliza a ligação do Brasil com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, seus parceiros no Mercosul.

Região Hidrográfica do Uruguai

As águas do rio Paraguai unem-se às de outro rio, de outra bacia, a do rio Uruguai, que nasce no Brasil e deságua no estuário do Prata, na fronteira entre a Argentina e o Uruguai, constituindo com os demais a bacia Platina. O rio Uruguai apresenta um alto curso planáltico, portanto com bom potencial hidrelétrico, e seus cursos médio e baixo têm importantes trechos navegáveis. No entanto, é subutilizado.

A região possui, em território brasileiro, aproximadamente, 274.300 km² (3% do território nacional) e abrange porções dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Referências Bibliográficas

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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