Geografia

Ilha de Calor

As ilhas de calor são fenômenos climáticos decorrentes, principalmente, da elevação da concentração humana em áreas urbanas, e têm início particularmente nítido na explosão da expansão industrial nas principais metrópoles mundiais. A temperatura, em uma média relativamente estável ao redor desses pontos, atinge um pico localizado sobre a zona urbana apenas, às vezes em áreas particulares de uma cidade.

O termo “ilha” se dá exatamente por isso: é como se, dentro de um mar no qual o clima se comporta de determinado modo, houvesse apenas uma única ilha onde o calor é consideravelmente maior do que no restante do território analisado.

A formação dessas ilhas de calor produz o que se convencionou chamar de zona de baixa pressão. A temperatura se eleva e a pressão diminui, formando bolhas ao redor dessas cidades onde o ar é extremamente dotado de poluentes, que nessa zona de baixa pressão não conseguem fuga para se dissipar nas zonas ao redor, onde a pressão é maior. Como consequência, essa zona onde a pressão é mais baixa passa a receber, inclusive, um acúmulo de poluentes das regiões circum-vizinhas.

Causas

Os estudiosos listam algumas explicações para o fenômeno, são elementos que fazem parte do processo de constituição das ilhas de calor, formando um microclima urbano. Há muitos fatores para a formação dessas ilhas no ambiente urbano, dentre os quais podemos destacar:

  • Poluentes e emissões. Em especial dos chamados gases do efeito estufa. Esses gases propiciam reações químicas que geram gases que retêm o calor, a exemplo do que vem acontecendo com o aquecimento global. A concentração mais alta desses gases ao redor de áreas urbanas impede que parte do calor irradiado pela luz solar escape, mantendo o aquecimento em uma área muito pequena.
  • Fontes antrópicas de calor. Ou seja, aquelas fontes de calor decorrentes da ação humana: em cidades relacionados à queima de combustíveis fósseis, uso de aparelhos de ar condicionado ou aquecimento central e outros.
  • Baixa cobertura verde. Como efeito das ilhas de calor tem se mostrado mais grave em cidades que possuem baixa arborização, cientistas associam o fenômeno à escassez de cobertura vegetal.
  • Efeitos dos cânions urbanos. Os edifícios altos nas metrópoles forma o que cientistas denominam “cânions urbanos”. Essas depressões criadas por prédios aprisionam calor durante a noite e também maximizam o efeito da luz, refletindo múltiplas vezes os raios solares e criando uma espécie de “lupa” em larga escala.
Figura representando o fenômeno da ilha de calor.
Ilha de calor

Consequências

As ilhas de calor podem produzir, em média, temperaturas de 4 ºC a 6 ºC acima daquelas registradas em regiões vizinhas. Além do desconforto criado pela temperatura mais alta, esses problemas podem levar a danos à saúde das pessoas que vivem nessas cidades.

A diferença de pressão e temperatura também cria efeitos devastadores na precipitação média de chuvas nesses pontos, podendo aumentar ou reduzir a precipitação. Outra consequência é que, com o aumento da temperatura média, eleva-se o consumo energético em aparelhos de climatização e ar condicionado, o que contribui para acentuar ainda mais o efeito da ilha de calor, num círculo vicioso.

Soluções

Os ambientalistas dizem que, para minimizar os efeitos nocivos das ilhas de calor, é preciso investir em medidas como replantio de árvores, ampliação e criação de parques e áreas verdes. Outros fatores que são estudados, em termos de urbanização, envolvem a construção de edifícios ecoeficientes, além de maior distanciamento entre torres de prédios, criação de vias que permitam a circulação de ar e a reflexão de luz solar sem aprisionamento e também edifícios mais baixos.

Cidades europeias, desde há muito, procuram em sua organização urbana posicionar edifícios e centros comerciais mais altos nas áreas marginais das capitais e grandes cidades, restringindo a altura das edificações no coração das metrópoles e mantendo cobertura vegetal esparsa e bem distribuída, além da manutenção em céu aberto de rios, córregos, canais e adutoras, o que auxilia no controle da temperatura e na compensação das ilhas de calor.

Por: Carlos Artur Matos

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