História do Brasil

História das Capitais do Brasil

Você sabe o que é uma capital? É a cidade em que está localizado o governo de um Estado ou de um país. Em Brasília, capital do Brasil, vivem e trabalham o presidente da República, os senadores e os deputados federais. Mas nem sempre Brasília foi a sede do governo brasileiro. Nosso país teve duas outras capitais: Salvador e Rio de Janeiro. Vamos conhecê-las melhor?

Salvador: a primeira capital

A primeira capital do Brasil foi Salvador, no estado da Bahia, entre os anos 1549 e 1763, período em que o Brasil ainda era considerado parte de Portugal.

Logo que os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, trataram de explorar as riquezas e, um pouco depois, de povoar e defender a terra. Depois do fracasso das capitanias hereditárias, o rei de Portugal, dom João III, nomeou um governador-geral para tomar conta da colônia e mandou construir a cidade de Salvador para ser a capital.

O militar e político Tomé de Souza foi enviado para ser o primeiro governador geral do Brasil e junto com ele veio um grupo de cerca de quinhentas pessoas para auxiliá-lo na missão de representar a Coroa Portuguesa. Chegaram à Bahia 12 embarcações com soldados, pedreiros, carpinteiros, degredados, um arquiteto, um médico, um boticário e seis padres.

Para dificultar o acesso de inimigos à capital, Tomé de Sousa exigiu que a cidade fosse construída no alto de um morro, como era costume em Portugal. As casas, a sede do governo e o colégio ficavam na parte alta, ao passo que os armazéns e as casas mais humildes ficavam na parte baixa, próximas ao mar.

Foto da cidade alta e baixa de Salvador, com o elevador Lacerda ao fundo.
Salvador, a primeira capital brasileira.

Foi Tomé de Souza que fundou oficialmente no dia 29 de março de 1949, a cidade de Salvador, inicialmente nomeada de Salvador da Bahia de Todos os Santos. Ele planejou o traçado da cidade com base no modelo de algumas cidades italianas daquela época. Ele também ordenou a construção de uma muralha para proteger o espaço reservado para a cidade, porém não era uma muralha feita de tijolos, mas sim de taipa, isto é, uma mistura de barro com palha e estacas de madeira.

A riqueza da cana-de-açúcar

Aos poucos, a cidade foi crescendo. O ciclo da cana-de-açúcar trouxe riqueza à capital, que ganhou casas luxuosas, lojas, igrejas e muitos habitantes. Atraiu, também, a cobiça dos holandeses que a ocuparam entre 1624 e 1625.

Após 1640, a capital voltou a se desenvolver. Salvador transformou-se na mais importante cidade do império português depois de Lisboa, a capital portuguesa.

Em 1763, o declínio da lavoura de açúcar e a descoberta de ouro em Minas Gerais levaram o Marquês de Pombal, primeiro-ministro português, a transferir a capital para o Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro: a capital na era do ouro

A localização do Rio de Janeiro permitia o acesso ao interior do Brasil, de onde vinham o ouro e os produtos agrícolas, e ao exterior, por meio do porto, onde desembarcavam escravos, produtos ingleses, farinha catarinense, charque gaúcho e notícias portuguesas. Por ele, saíam açúcar, aguardente, metais e pedras preciosas.

Em 1808, a chegada da Família Real transformou o Rio. O príncipe regente dom João decretou a abertura dos portos às nações amigas. O movimento do porto e a população cresceram. A cidade ganhou ares europeus. Criaram-se bancos, museus e escolas. Homens e mulheres passaram a se vestir e a decorar suas casas de acordo com o gosto europeu.

Nos anos 1800, a cidade foi palco de grandes acontecimentos históricos, como a consolidação da Independência do Brasil. Além disso, em 1889 uma mobilização militar derrubou a ordem imperial e instalou o regime republicano no Brasil e, apesar dessa mudança de governo, a cidade do Rio de Janeiro continuou como capital.

No final do século XIX, depois da proclamação da República, o governo resolveu transformar o Rio em “cartão-postal“, em uma cidade tão bonita quanto Paris. A capital francesa, entre os anos de 1857 e 1860, havia passado por uma ampla reforma urbanística empreendida pelo Barão Haussmann, então prefeito da cidade.

A reforma de Paris serviu de modelo para Pereira Passo, prefeito do Rio de Janeiro, que deu início a uma verdadeira mudança de fisionomia da cidade: cortiços foram derrubados, o porto foi reformado e grandes edifícios foram construídos, entre eles os da Biblioteca Nacional e do Teatro Municipal. Esse período ficou conhecido como “regeneração” – o governo considerava que a cidade estava doente e precisava de “remédios” para livrar-se da sujeira e da pobreza.

Entretanto, para os mais humildes as consequências dessas intervenções urbanas foram bem problemáticas: a grande maioria foi obrigada a mudar para os morros, mangues e bairros afastados, o que aumentou as desigualdades sociais. Por isso, esse momento da história do Rio de Janeiro ficou conhecido como o “bota-abaixo“.

Brasília: a cidade do futuro

Transferir a capital do Brasil do Rio de Janeiro para uma área do Estado de Goiás na região Centro-Oeste já era sonhado desde o século XVIII, ainda durante o governo português, onde já se pensava que o país deveria ter uma capital no interior para garantir a segurança da corte contra possíveis ataques marítimos.

Durante a República, o sonho continuou. A Constituição de 1891 reservava uma área de 14.400 km² no Planalto Central para a sua construção. As Constituições de 1934, 1937 e 1946 mantiveram esse item.

Em 21 de abril de 1960, o sonho ganhou vida. O presidente Juscelino Kubitschek não planejava construir Brasília até que alguém lhe perguntou se ele cumpriria toda a Constituição, inclusive o artigo que previa a nova capital. Eleito, JK cumpriu a promessa.

A escolha do local em Goiás nasceu da necessidade de interiorizar o desenvolvimento do país, diminuindo as desigualdades regionais e aproximando a capital dos países vizinhos, além de ser menos vulnerável a ataques externos. Brasília foi construída em quatro anos, graças aos candangos que migraram de várias partes do Brasil e foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960 para homenagear Tiradentes.

Brasília é conhecida como “Capital da Esperança” por ter nascido em um momento em que o Brasil estava confiante em seu desenvolvimento e o governo de Juscelino Kubitschek apostava na construção de uma nação próspera.

Futurista, a capital foi planejada pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e recebeu o título de patrimônio arquitetônico e cultural da humanidade para o Fundo das Nações Unidas para a Cultura (Unesco).

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