História

Talibã

O Talibã é uma milícia fundamentalista pertencente ao ramo sunita do islamismo, surgido em 1994, na região fronteiriça do Afeganistão e do Paquistão, destituído do governo afegão em 2001 com a ofensiva dos EUA, após os atentados do 11 de setembro em Nova York e Washington.

Formado por estudantes religiosos (talibã, no idioma afegão pashtu, significa “estudante”), o grupo tomou o poder no Afeganistão em 1996. Durante alguns anos, controlou a maior parte do país, impondo leis extremamente severas sob a alegação de que se baseavam nos princípios mais puros do Corão.

Antecedentes

Desde o surgimento da República do Afeganistão, em 1973, o país viveu uma sequência de revoltas e golpes que o levou à guerra civil.

O grupo fundamentalista islâmico Talibã começou a ganhar força na década de 80, graças à intervenção dos Estados Unidos. Isso porque em 1979 a antiga União Soviética invadira o Afeganistão, em defesa de seus aliados comunistas, que haviam tomado o poder no ano anterior. Em plena Guerra Fria, os Estados Unidos não pensaram duas vezes antes de tentar deter os inimigos comunistas e, para isso, começaram a financiar a oposição ao governo afegão, que tinha suas bases no Paquistão. Na época, um dos combatentes antissoviéticos era o milionário saudita Osama Bin Laden, atualmente considerado um dos terroristas mais perigosos do mundo e principal inimigo dos norte-americanos.

Diante da forte resistência dos mujahedin – combatentes afegãos e seus aliados provenientes de outras nações árabes –, os soviéticos começaram a deixar o país em 1988.

Na tentativa de negociar um novo governo, essa guerrilha islâmica dividiu-se. A nova guerra civil fragmentou o país em diversas áreas autônomas. Nesse contexto surgiu, em 1994, a milícia Talibã, chefiada por Mohammed Omar.

Chegada ao Poder

Prometendo acabar com a guerra civil, em 1996 os talibãs tomaram a capital afegã, Cabul, e declararam um novo governo, não reconhecido nem pela Organização das Nações Unidas (ONU), nem pela comunidade internacional. Apenas três países o reconheceram: Paquistão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Os opositores do regime Talibã retiraram-se para o norte do país. Conhecidas como Aliança do Norte, essas forças chegaram a reconquistar algumas cidades, mas a milícia contra-atacou e passou a controlar 90% do Afeganistão.

Características do Regime Talibã

O objetivo do Talibã era estabelecer o mais puro Estado islâmico do mundo. Para tanto, adotou medidas extremas, como a proibição de emissoras de televisão e rádio, e a adoção de execuções públicas e amputações de membros, como a perna, para certos crimes.

A situação mais dramática era a das mulheres: não podiam sair às ruas sem o marido, trabalhar ou estudar. O corpo inteiro, inclusive o rosto, deveria estar coberto pela burca, cuja única abertura, na região dos olhos, permite que enxerguem, mas que não sejam vistas.

Expansão do fundamentalismo

Com o passar dos anos, o Afeganistão tornou-se base para a expansão do extremismo islâmico em várias ex-repúblicas soviéticas, como Casaquistão, Usbequistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turcomenistão. Surgidas após a derrocada do regime soviético, essas nações – também islâmicas – enfrentam sérios problemas econômicos e sociais que propiciam a expansão dos grupos fundamentalistas.

Relação com os EUA

Em agosto de 1998, o então presidente norte-americano, Bill Clinton, ordenou um ataque a campos de treinamento de terroristas no sul do Afeganistão. O maior alvo era o terrorista saudita Osama Bin Laden, suspeito dos atentados às embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, meses antes. Bin Laden, com autorização do Talibã, refugiara-se no Afeganistão em 1996.

Em 1999 e em 2001, a ONU impôs severas sanções ao país para pressionar os talibãs a entregar Bin Laden. Em represália, o Talibã destruiu várias estátuas de Buda no Vale de Bamiyan, na região central do Afeganistão, entre elas as duas maiores do mundo, consideradas Patrimônios Históricos da Humanidade.

Depois dos atentados terroristas em Nova York e Washington em 11 de setembro de 2001, o país voltou a sofrer pressão internacional para entregar Bin Laden, acusado de ser o mentor dos ataques. Diante da recusa dos afegãos, o governo dos EUA iniciou o bombardeio e a invasão do país.

Fim do Regime Talibã

Em dois meses de conflito, os EUA, com a ajuda de soldados da Aliança do Norte, conseguiram conquistar importantes cidades até então dominadas pela milícia. No início de dezembro de 2001, os talibãs se renderam. O líder talibã, o mulá Omar, e Osama Bin Laden não foram encontrados na ocasião. Bin Laden, por sua vez, foi morto em maio de 2011 em uma ação dos EUA realizada em Abbottabad, no Paquistão.

A morte de Bin Laden não representa o fim da “guerra ao terror” – pelo contrário, com a ação, o povo americano recuperou o orgulho ferido no 11 de setembro, intensificou o sentimento de justiça e fortaleceu o atual governo na perseguição contra o terrorismo. Atualmente, a situação no Afeganistão chegou ao seu nível mais violento. A população tem receio de que as forças do Talibã voltem com força à frente do governo do país.

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