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Tudo Sobre a União Soviética – URSS

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), criada em 1922, instituiu o socialismo como regime político-econômico pela primeira vez em um país.

De uma nação agrícola, no começo do século XX, transformou-se em uma potência capaz de rivalizar por décadas com os Estados Unidos, durante o período geopolítico da Guerra Fria, caracterizado pela Ordem Mundial Bipolar, que se extinguiu em 1991.

A União Soviética possuía um território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados e uma população de aproximadamente 280 milhões de habitantes. Seu território estendia-se da Europa Oriental até o extremo leste da Ásia, abrangendo paisagens naturais muito contrastantes, como a fria Sibéria e as regiões desérticas do sul.

A estrutura da União Soviética consistia na união de 15 repúblicas sob um governo central – o Conselho Soviete Supremo. A propriedade público-estatal dos bens de produção (terras, por exemplo) foi implementada e uma ampla reforma política foi colocada em prática, buscando uma centralização político-partidária (“a ditadura do proletariado”).

Formação territorial

No começo do século XX, a Rússia enfrentava uma grave crise socioeconômica, apresentando grande desigualdade entre os camponeses que enfrentavam a fome e a nobreza, proprietária de grandes extensões de terras, aliada do monarca – czar Nicolau II, que governava com poderes absolutos. Nessa época, a Rússia iniciava o processo industrial e a vida dos operários era árdua, diante das condições precárias de trabalho, o que propiciou ideais revolucionários.

Por conta disso, aumentou a repressão às organizações revolucionárias, populistas e do Partido Social-democrata, de orientação marxista. Em 1905, uma revolução foi sufocada. A Rússia enfrentou a Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914) e, em 1917, a Revolução Bolchevique, liderada por Lênin, levou à queda de Nicolau II.

Em 1922, uma nova Constituição criava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), composta por Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia e as repúblicas da Ásia Central. Vladimir Lênin tornou-se líder do primeiro país socialista da história.

Para reerguer a nação arrasada pela guerra civil e pela fome foi instituída a NEP – Nova Política Econômica – baseada nas pequenas explorações agrícolas, industriais e comerciais, com iniciativas privadas, a fim de reaquecer a economia com o capitalismo para posterior ampliação das ações socialistas, diante do que Lênin afirmava: “Um passo atrás para dar dois à frente.”

Com a morte de Lenin em 1924, a URSS passou a enfrentar uma intensa disputa pelo poder entre Stalin, o qual defendia que o socialismo deveria se firmar primeiramente na Rússia, e Trotsky, o qual afirmava que os exércitos russos deveriam propagar imediatamente a revolução comunista pelo mundo, a Revolução Permanente. Derrotado, Trotsky foi expulso do país em 1929. Por ordem de Stalin, foi assassinado em 1940, no México, por Ramón Mercader – que jamais assumiu ter agido a mando de Stalin.

Mapa da União Soviética.
Países que fizeram parte da União Soviética.

Os avanços econômicos e sociais

A partir de 1928, sob a administração de Josef Stalin, a URSS passou a orientar sua economia com base nos planos quinquenais.

Na parte agrícola, a URSS se organizava em grandes fazendas estatais administradas pelo governo, chamadas de sovkhozes, e as cooperativas camponesas, chamadas de kolkhozes. Com a transição da economia planificada para a economia de mercado, a organização fundiária em sovkhozes e kolkhozes é substituída pela propriedade privada e pelas fazendas arrendadas a famílias.

Com a criação da URSS, a industrialização ocorreu com grande velocidade, tornando esse país uma das maiores potências industriais do mundo: um parque industrial com grande desenvolvimento tecnológico, com grande diversidade produtiva (siderurgia, metalurgia, química, combustíveis, armamentos, transporte, espacial etc.) e com grande potencial de crescimento.

No período de maior crescimento industrial, a produção de aço cresceu sete vezes, a de cimento, 17, a de alumínio, cinco e a de eletricidade, 55. Esse processo acelerado de industrialização buscava equiparar a URSS ao parque e ao potencial industrial estadunidense, seu rival na Guerra Fria.

Apesar do planejamento estatal direcionado quanto à distribuição espacial da indústria, a distribuição industrial apresenta forte concentração na parte europeia, apesar de alguns espaços industrias em regiões da Sibéria com forte exploração mineral ou com localização estratégica frente aos sistemas de transporte (principalmente a ferrovia Transiberiana).

Em relação à infraestrutura de transporte, a URSS fez pesados investimentos em ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, dutos (gás e óleo) e modal aéreo. A necessidade de integração do imenso território e de aproveitamento das abundantes riquezas espalhadas por todas as regiões são fatores que contribuíram para grandes obras de transporte.

A bandeira da URSS apresenta uma foice e um martelo cruzados com uma estrela em cima sob um fundo vermelho.
Bandeira da União Soviética.

No setor de energia, a URSS também fez pesados investimentos com vistas a aproveitar as riquezas presentes no território – hidrocarbonetos, carvão mineral, potencial hidrelétrico, minerais atômicos – para tornar a superpotência soviética uma potência industrial sem dependência de importação de energia e matérias-primas minerais, aliás, para leva-la à condição de exportador dessas fontes de energia e matérias-primas.

Nas questões sociais, a potência soviética conquistou grandes avanços, levando sua população a uma elevada qualidade de vida, equiparada à dos países do Primeiro Mundo.

Ascensão soviética no pós-Segunda Guerra Mundial

Com o avanço das tropas nazistas, Stalin firmou o acordo de não agressão com a Alemanha em 1939, por recear que Hitler invadisse o país. Mesmo assim, em 1942, os alemães entraram na URSS e Stalin se uniu aos Aliados. Em 1943, as tropas alemãs foram derrotadas na Batalha de Stalingrado pelos russos.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os soviéticos já haviam assegurado a posse da Europa Oriental, ou Leste Europeu. A União Soviética foi um dos países que mais sofreram com a Segunda Guerra Mundial e também foi decisiva para a vitória dos Aliados sobre os países do Eixo.

Após a guerra e por meio de um planejamento estatal rigoroso, a URSS conseguiu se recompor e ocupar uma posição de destaque no cenário internacional; internamente o país já estava composto por várias nações e por diferentes etnias e culturas.

Nas décadas da Guerra Fria, Josef Stalin programou uma política extremamente ortodoxa em relação à expansão do socialismo. Morreu em 1953, depois de governar o país por 29 anos, estabelecendo uma das mais sangrentas e cruéis ditaduras da história, conhecida como stalinismo.

Decadência e extinção da URSS

A necessidade de manter seu poder em escala planetária e, consequentemente, suas áreas de influências e dominação e o equilíbrio militar e tecnológico (aeroespacial) com os Estados Unidos empurraram a URSS para uma forte crise, que trouxe reflexos negativos tanto para a economia quanto para as questões sociais.

O esgotamento do modelo político fechado, centralizado e excessivamente burocrático levou a URSS a uma também crise política, causando forte insatisfação popular e o ressurgimento e o crescimento de movimentos nacionalistas, acelerando o fim da potência soviética.

A crise econômica e a insuficiência do modelo político levaram a uma forte insatisfação popular na União Soviética, e o governo do presidente Mikhail Gorbatchev buscou reformas políticas que tirassem o país da acelerada decadência.

Gorbatchev propôs duas reformas estruturais, uma política, a Glasnost, e outra econômica, a perestroica. A glasnost propunha uma abertura política interna, permitindo a participação e organização popular, a liberdade de imprensa, de credo e de manifestações culturais. Já a perestroica propunha ampla reestruturação e liberalização da economia, ou seja, reformas na estrutura da econômica planificada com vistas à adoção de medidas pró-economia de mercado.

A intensidade da crise não deu tempo para Gorbatchev colocar suas propostas efetivamente em prática e colher os resultados vislumbrados. Em agosto de 1991, o golpe de Estado realizado pela ala conservadora do Partido Comunista, contrária às reformas propostas por Gorbatchev, levou a um contragolpe com forte participação popular e à efervescência de movimentos nacionalistas em várias repúblicas do país, que passaram a declarar a independência em relação ao governo central, soviético.

Nesse mesmo ano, ao passo que as repúblicas buscavam a independência, um movimento complementar buscava a formação de uma comunidade econômica formada pelos países recém-independentes. Em dezembro desse ano, Gorbatchev renuncia, o Parlamento se autoextingue e, através do tratado de Minsk, onze das quinze repúblicas formalizam a criação da CEI – Comunidade dos Estados Independentes, mais tarde formada por doze países e com forte hegemonia da Federação Russa – herdeira militar, econômica e política da URSS.

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