Biografias

Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852) é considerado por muitos o “Byron brasileiro”. Nasceu em São Paulo, em 1831, e faleceu prematuramente, em 1852, no Rio de Janeiro.

Jovem inteligente e de grande curiosidade intelectual, dedicou-se à leitura de autores europeus, como Byron (1788-1824), Musset (1810-1857) e Bocage (1765-1805). Aos 16 anos, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. Sua obra Lira dos vinte anos (1853), publicada postumamente, reflete bem a dualidade do autor uma face ingênua, quase pueril, e outra satânica, irônica e, por vezes, macabra.

O autor faz parte da segunda geração romântica, que teve lugar a partir de meados do século XIX, foi formada por poetas que se preocupavam mais em expressar sua subjetividade, o que sentiam, suas dores e desapontamentos.

Características literárias

Álvares de Azevedo é, na literatura brasileira, o poeta dos sonhos. Nenhum poeta cantou como ele o desejo do amor ardente, o sonho de ter nos braços a mulher desejada, o desejo amoroso intensificado a tal ponto que chega a encontrar-se com a morte. Ele é o poeta do amor e da morte.

Retrato de Álvares de Azevedo
Álvares de Azevedo (1831-1852).

Percebem-se, em sua obra poética, duas facetas opostas. Na primeira, há poemas em que aparece a amada idealizada, sempre cheia de pureza e intocável; espaços sombrios e noturnos, dando a impressão de serem próprios de sonhos; assim como o tema do tédio e da morte, próprios do mal do século. Na segunda faceta, o poeta leva a seus textos elementos da realidade cotidiana prosaica, inserindo crítica e bom humor em sua poesia.

Álvares de Azevedo amplia o campo de visão da poesia. Para ele, esta não deve procurar só o belo, o sublime e o elevado. Tudo deve estar aberto à poesia, não só o ideal e o espiritualizado, como também o feio, o anormal, o doentio, o disforme, o grotesco, o corporal e, talvez isso seja o mais importante, a realidade próxima e pequena da vida do dia a dia, como o quarto do estudante, o gosto do charuto, os pequenos tédios.

O tema da morte, recorrente na obra de Álvares de Azevedo, pode ser percebido no poema “Se eu morresse amanhã!”, em que o eu lírico imagina como seria perder a vida, em plena juventude, deixando de viver as glórias do futuro, a beleza da natureza e o amor.

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul!
que doce n’alva Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Obras do autor

A obra Lira dos vinte anos possui três partes: na primeira e na terceira, temos uma poesia sentimental, mórbida, egocêntrica, em que a frustração amorosa é sublimada no sonho e na fantasia, enquanto na segunda parte temos uma poesia que debocha e ironiza os exageros do ultrarromantismo, ocupando-se de peque- nas coisas cotidianas, como o quarto, o leito, o charuto, exprimindo o tédio e a melancolia típicos da poesia de Lord Byron.

Noite na taverna é um livro de contos fantásticos, constituído de sete narrativas em prosa. Seis estudantes bêbados narram estranhas aventuras marcadas por sexo, canibalismo, fratricídio, incestos, traições, homicídios e mistérios.

O autor é bastante conhecido também pela peça teatral Macário, na qual tem lugar o embate com forças satânicas.

Bibliografia:

RONCARI, Luiz. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos. São Paulo: Edusp, 2002.

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