Literatura

Romantismo no Brasil

Começa o Romantismo no Brasil em 1836, com publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Aparece também, nessa época, a revista Niterói, com ideias românticas de Gonçalves de Magalhães, Porto Alegre e Torres Homem.

O espírito clássico, a obediência às regras e a razão entram em crise, e surge o Romantismo, um movimento literário.

O Romantismo, um movimento cultural muito amplo, é fruto de uma nova atitude de espírito diante dos problemas da vida e do pensamento, implica numa profunda metamorfose, numa verdadeira revolução histórico-cultural, que abrange a filosofia, as artes, as ciências, as religiões, a moral, a política, os costumes as relações sociais e às famílias.

O estilo toma suas liberdades, de modo que o escritor cria seu próprio vocabulário e forma sua própria sintaxe, fugindo das normas acadêmicas tradicionais.

A literatura romântica no Brasil apresentou várias tendências:

  1. o indianismo e o nacionalismo: valorização do índio e da nossa fauna;
  2. o regionalismo (ou sertanismo), que aborda o nosso homem o nosso homem do interior, caracterizando a região em que vive com seu folclore, seu costume e tipo característico;
  3. o chamado mal do século ou byronismo, marcado pela melancolia, tristeza, sentimento de morte, pessimismo, cansaço da vida:
  4. realidade política e social (o abolicionismo, as lutas humanitárias, sentimentos liberais, o poder agrário);
  5. os problemas urbanos surgidos com o relacionamento indústria-operário, a corrupção e o materialismo.

A obra romântica é marcada de sentimentalismo, melancolia, saudade, liberdade na criação artística individualismo, imaginação, sentimento religioso, sentimento nacionalista.

Obra do Romantismo Brasileiro
O Último Tamoio – Obra do Romantismo Brasileiro

Gerações

Reconhecem-se três gerações do romantismo no Brasil, marcadas por certa unidade temática e formal nem sempre rígida. Atitude de uma geração projeta-se nas demais:

1) 1º Geração (Indianismo – Nacionalismo): Gonçalves Dias foi o melhor poeta de sua geração. Esses poetas (Gonçalves de Magalhães, conde Araújo Porto-Alegre, Joaquim Noberto Sotero dos Reis, Odorico Mendes e Gonçalves Dias) apresentaram fortes resíduos do Neoclassicismo.

2) POESIA DA SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA (Byroniana – Individualista – Egótica – Mal-do-Século – Ultra-Romantismo). Destaques: Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.

3) TERCEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA (Candoeira – Poesia Social – Mugoana – Escola de Recife) Destaque: Castro Alves.

Romance Romântico

Desde os primórdios da Literatura, a narrativa tem sido a manifestação mais difundida, evoluindo da narrativa oral. O Romance projeta o gosto do público burguês. Os primeiros romances editados no Brasil, ainda na década de 1830, marcam-se pelo aspecto do folhetinesco. O folhetim, publicado com periodicidade regular pela imprensa, equivale as atuais novelas de televisão e confina com a subliteratura.

Em linhas gerais, a ficção romântica, aprovada no propósito nacionalista de reconhecer e exaltar nossas paisagens e costumes, desdobrou-se em três direções:

A – O PASSADO: Através do romance histórico, buscava na história e nas lendas heroicas a afirmação da nacionalidade. O romancista não tem compromisso com a verdade histórica. No Brasil, os índios de Alencar (O Guarani, Iracema, e Ubirajara) são transformados em cavaleiros medievais, vistos com símbolos e elementos formadores da nacionalidade, substituindo a Idade Média que não tivemos.

B – A CIDADE: Através do romance urbano e de costumes, retrata-se a vida da Corte, no Rio de Janeiro do século XIX, fotografando, com alguma fidelidade, costumes, cenas, ambientes e tipos humanos da burguesia carioca. As personagens são adaptadas através dos atos, gestos, diálogos, roupas. Não há penetração psicológica. Macedo e Alencar (Diva, Lucíola e Senhora) representam essa vertente.

C – O REGIONALISMO: Voltado para o campo, para a província e para o sertão, num esforço nacionalista de reconhecer e exaltar a terra e o homem brasileiro, acentuado as particularidades de seus costumes e ambientes. Busca-se retratar o Nordeste (O Sertanejo, de Alencar e O Cabeleira, de Franklin Távora), o sul (o Gaúcho, de Alencar) o sertão de Minas e Goiás (O Garimpeiro e O Seminarista, de Bernardo Guimarães) e o Sertão e o Pantanal de Mato Grosso (Inocência, do Visconde de Taunay).

José de Alencar, nosso primeiro ficcionista de largo voo, exemplifica, pelo conjunto de sua obra, quase todos os tipos do romance romântico. Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um Sargento de Milícias, afasta-se das convenções românticas, criando uma obra que destoa do tom idealizador e heroico dos demais romancistas da época, para aproximar-se da imparcialidade dos narradores realistas, na retratação das classes do Rio Colonial.

O Romantismo na história da literatura brasileira

Tudo começou com a transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil em 1808. Na época, a família trouxe com ela o espírito da Europa: o Romantismo europeu incipiente que acabaria influenciando culturalmente o Brasil.

Nossos escritores começaram então a se preocupar com alguns assuntos até aquele momento esquecidos ou não abordados nas obras da época: o subjetivismo, a liberdade individual e uma preocupação com os assuntos sociais.

Veio a Independência do Brasil e com ela, a importância de se exaltar nossa cultura, torná-la independente da Europa e promover nossas belezas tropicais e nossos índios.

Os poetas destacavam-se nessa época: – Castro Alves (1847-1871) que escreveu sobre os escravos africanos e Gonçalves Dias (1823-1864) que escreveu sobre os índios. José de Alencar (1829-1877) escrevia romances populares sobre os índios, dentre eles “Iracema”, considerado uma obra-prima no quesito época-sociedade-índios, utilizando o seu estilo “indianista”. Ainda podemos destacar nessa linha, “O Guarani”, um romance histórico.

Já no período II do Romantismo no Brasil, conforme nosso quadro ”A LITERATURA E OS SÉCULOS”, há um novelista desse período que é amplamente lido até hoje: Joaquim Manuel de Macedo, que escreveu “A Moreninha”, com uma história popular, condizente aos padrões literários cariocas da sociedade da época.

Surge então o Parnasianismo, uma reação contra os excessos dos Românticos, através da poesia de Olavo Bilac (1865-1918), Raimundo Corrêa (1860-1911), e Alberto de Oliveira (1859-1937) – este último escrevia poesia de 1ª linha, a qual Alberto de Oliveira demonstrava o interesse em assuntos sociais.

No começo do século XX, os artistas brasileiros foram iluminados com novas ideias: – começa então a Semana de Arte Moderna em S. Paulo, evento este que culminou a expansão de novas ideias e propiciou uma revolução no campo artístico e literário. Os artistas foram invadidos com sentimento de orgulho pelo folclore nacional, nossa história e nossa ascendência.

Mário de Andrade (1893-1945) foi o líder mais importante dessa fase da literatura, escrevendo poesia, composições em literatura, arte, música e folclore brasileiro, e Macunaíma que ele chamou “uma rapsódia, não um romance”.

De repente nossa terra floresce nas artes e na literatura, e então Oswald de Andrade (1890-1953) escreveu uma coleção de poemas que intitulou “Pau-Brasil” e nela avaliou a cultura brasileira, as superstições, e a vida familiar em idiomas simples, economicamente, e, pela primeira vez em poesia brasileira, com humor.

No Brasil surge então, uma nova fase do Romantismo, com um outro conteúdo social, inicialmente com José Américo de Almeida (1887-1969) que escreveu “A Bagaceira”, uma história única na revelação da difícil vida sertaneja nordestina. Jorge Amado (1912-), Graciliano Ramos (1892-1953), José Lins do rego (1901-1957) e Rachel de Queiroz (1910-) foram os seguidores de José Américo de Almeida. Eles foram atentos a obra de José Américo de Almeida e, o nordeste, local onde todos eles nasceram, pôde ser explorado com mais vigor, evidenciando a imagem do pobre nordestino ante as dificuldades com os problemas e sofrimentos do povo nordestino.

Os primeiros romances de Jorge Amado, o escritor do romantismo brasileiro mais traduzido de todos os tempos, pois os romances foram traduzidos em 33 idiomas, foram, em sua maioria, influenciados pelas ideias Marxistas e se concentraram no sofrimento do povo nordestino, o povo que trabalhava nas plantações de cacau na fazenda de propriedade de sua família e também em humildes pescadores de pequenas aldeias no litoral.

Por: Tiana Chaves

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