Reinos

Osmorregulação

O fenômeno da osmorregulação representa o controle das concentrações de sais nos tecidos ou no interior das células vivas, com a finalidade de conservar as condições ideais e adequadas à atividade metabólica. É a manutenção do equilíbrio osmótico no organismo.

O controle da osmorregulação depende muito do ambiente em que vive o organismo, pois os meios aquáticos (de água doce ou salgada) e terrestres apresentam características muito diferentes e, assim, influenciam o funcionamento do corpo dos seres vivos de maneiras diferentes.

Essas diferenças, juntamente com o grau de complexidade e desenvolvimento das espécies, determinaram que os diversos grupos animais encontrassem uma solução diferente para o problema da osmorregulação ao longo do processo evolutivo.

Osmorregulação nos invertebrados aquáticos

Os invertebrados marinhos são capazes de se manter praticamente isotônicos em relação ao meio graças à absorção de sais presentes na água do mar. Os invertebrados de água doce são hipertônicos em relação ao meio, pois a água doce apresenta cerca de um centésimo da concentração salina da água do mar, e a osmorregulação ocorre principalmente pela eliminação de grande quantidade de urina.

Osmorregulação nos insetos

Os insetos produzem urina concentrada e pastosa, lançada no interior do intestino e eliminada para o meio externo com as fezes. Assim, são capazes de reabsorver quantidades adicionais de água. Outra característica importante desses animais é a superfície corporal recoberta por um exoesqueleto de quitina, que constitui eficaz barreira contra a evaporação da água do corpo, contribuindo para a osmorregulação e a adaptação ao meio terrestre.

Osmorregulação nos peixes

Os peixes são animais que sofrem grande influência do meio externo, principalmente as espécies que se deslocam tanto em água doce quanto salgada, como, por exemplo, o salmão. Esses peixes nascem em água doce e se deslocam até o oceano, onde passarão a maior parte

de sua vida. Quando atingem a maturação sexual, nadam até o rio para se acasalar e garantir a próxima geração de descendentes. Nesse processo de mudança de ambiente, os mecanismos de osmorregulação são extremamente importantes para a sobrevivência dos animais.

Considerando as espécies de peixes que vivem em água doce, os animais são hipertônicos em relação ao meio externo e, portanto, há uma tendência de o corpo ganhar água do meio. Já as espécies de peixes ósseos marinhos são hipotônicas em relação ao meio externo e a tendência é perder água por osmose. Nos dois tipos de peixes, as brânquias são grandes áreas de exposição ao ambiente, por meio das quais a água e os sais podem passar.

Os peixes ósseos marinhos, para contrabalançar a perda de água por osmose, ingerem água do mar e eliminam o excesso de sais pelas brânquias. Já os peixes que vivem em água doce enfrentam situação inversa, pois são hipertônicos em relação ao meio externo e ganham água.

Estes peixes produzem urina abundante e muito diluída, o que representa uma forma eficiente de eliminação de água. Além disso, as brânquias dos peixes de água doce absorvem sais, ao contrário do que fazem as brânquias dos peixes marinhos.

Uma notável exceção é representada pelos peixes cartilaginosos marinhos, como os tubarões e raias. Estes animais conseguem tolerar elevadas concentrações de ureia no sangue, o que os torna isotônicos em relação à água do mar, ou seja, a concentração de sais nos fluidos corporais é muito semelhante à concentração de sais da água do mar. Dessa maneira, os peixes cartilaginosos marinhos evitam a perda de água para o ambiente e não necessitam de ingestão de água do mar. Essa adaptação, que permite manter elevada a concentração de ureia no sangue, é chamada uremia fisiológica.

Osmorregulação nos peixes.
Mecanismos de osmorregulação em peixes. (A) Os peixes ósseos marinhos perdem água por osmose e realizam a osmorregulação bebendo água do mar e eliminando o excesso de sais por meio das brânquias. (B) Os peixes de água doce ganham água por osmose e o equilíbrio osmótico é realizado com a absorção de sais pelas brânquias e a eliminação de urina diluída.

Osmorregulação nos répteis e aves

Os répteis e as aves possuem a pele revestida de estruturas impermeáveis, como escamas, placas córneas e penas, o que evita a perda de água e favorece a sobrevivência em ambientes secos. São animais essencialmente terrestres, porém algumas espécies são aquáticas.

Os répteis e as aves marinhas possuem importante adaptação, a glândula de sal, que se encontra localizada sobre os olhos. Por meio desta glândula, são capazes de eliminar o excesso de sal das substâncias ingeridas com a água do mar e dos peixes que lhes servem de alimento.

Osmorregulação nos mamíferos

Um dos maiores problemas enfrentados pelos mamíferos, em sua adaptação aos diferentes ambientes, é a retenção de água. Essa questão é mais complexa para os mamíferos que vivem em ambientes muito secos, como, por exemplo, os desertos, e para os mamíferos marinhos, como as baleias. Um fator relacionado a essa dificuldade de retenção de água é a amamentação dos filhotes, pois o leite possui grande quantidade de água que deverá ser reposta pelas fêmeas.

Mamíferos possuem um tegumento relativamente impermeável, revestido por queratina. Podem produzir urina mais concentrada que os fluidos corporais, o que representa uma forma de eliminar solutos sem perder muita água. Como veremos posteriormente, seus rins têm uma notável capacidade de reabsorver água.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

Veja também: