Estados brasileiros

Santa Catarina

É Santa Catarina um dos estados brasileiros em que mais visível se tornou a influência de diferentes grupos de imigrantes europeus — alemães, portugueses, italianos, austríacos. Suas praias, estâncias hidrominerais e serras — que em certos pontos se cobrem de neve no inverno — são importantes atrações turísticas.

O estado de Santa Catarina ocupa uma superfície de 95.443km2 na região Sul do Brasil. Com a forma aproximada de um triângulo com vértice voltado para oeste, limita-se ao norte com o Paraná, a leste com o oceano Atlântico, ao sul com o Rio Grande do Sul e a oeste com a Argentina. Sua capital é Florianópolis.

Geografia física

Geologia e relevo

Com 77% de seu território acima de 300m de altitude e 52% acima de 600m, Santa Catarina figura entre os estados brasileiros de mais forte relevo. Quatro unidades, que se sucedem de leste para oeste, compõem o quadro morfológico: a baixada litorânea, a serra do Mar, o planalto paleozoico e o planalto basáltico.

A baixada litorânea compreende as terras situadas abaixo de 200m de altitude. Ao norte, alarga-se bastante, penetrando no interior ao longo dos vales dos rios que descem da serra do Mar. Para o sul, estreita-se progressivamente.

A serra do Mar domina a baixada litorânea a oeste. Salvo no norte do estado, onde forma o rebordo escarpado de um planalto mais ou menos regular, a serra tem caráter muito diverso do que apresenta em outros estados, como Paraná e São Paulo. Em Santa Catarina, forma uma faixa montanhosa, de aproximadamente mil metros de altitude, constituída por um conjunto de maciços isolados pelos vales profundos dos rios que drenam para o Atlântico.

Florianópolis - Santa Catarina
Florianópolis

Por trás da serra do Mar estende-se o planalto paleozoico, cuja superfície plana encontra-se fragmentada em compartimentos isolados pelos rios que correm para leste. O planalto paleozoico perde altura de norte para sul; na parte meridional do estado confunde-se com a planície litorânea, uma vez que a serra do Mar não chega até essa parte de Santa Catarina.

O planalto basáltico ocupa a maior parte do estado. Formado por camadas de basalto (derrames de lavas), intercaladas com camadas de arenito, é limitado a leste por um rebordo escarpado a que se dá o nome de serra Geral. No norte do estado, o rebordo do planalto basáltico se encontra no interior; para o sul vai-se aproximando gradativamente do litoral até que, no limite com o Rio Grande do Sul, passa a cair diretamente sobre o mar. A superfície do planalto é regular e se inclina suavemente para oeste. Os rios que correm para o Paraná abriram nele profundos vales.

Clima

Dois tipos climáticos caracterizam o estado de Santa Catarina: o subtropical úmido com verões quentes (Cfa) e o subtropical úmido com verões brandos (Cfb). O tipo Cfa ocorre na baixada litorânea e nas partes mais baixas do planalto (extremo ocidental e vale do rio Uruguai). Registra temperaturas médias anuais de 20°C, na baixada e no vale do Uruguai, e 18° C, no extremo ocidental; a pluviosidade, bem distribuída no decorrer do ano, atinge 1.500mm anuais.

O tipo Cfb ocorre no resto do planalto. Registra temperaturas médias anuais de 18°e 16°C. A diferença entre as temperaturas de inverno e verão é bastante pronunciada, com uma amplitude térmica anual superior a 90°C. Os invernos são muito rigorosos: observam-se, em certas áreas, mais de 25 dias de geada por ano. A pluviosidade é semelhante à do tipo anterior. O fato singular, porém, é que uma pequena parte dela ocorre sob a forma de neve (região de São Joaquim).

Hidrografia

Os rios que correm pelo território catarinense pertencem a dois sistemas independentes, que têm como divisores de águas a serra Geral e a serra do Mar. O sistema da vertente do Atlântico é formado por bacias isoladas entre si, como as dos rios Itajaí-Açu, Tubarão, Araranguá, Tijucas e Itapocu.

No interior do estado, duas bacias se unem para formar a bacia do Prata: a do rio Paraná, que tem como principal afluente o rio Iguaçu, e a do rio Uruguai, cujos afluentes mais importantes são o rio Pelotas, o Canoas, o Chapecó e o do Peixe.

Vegetação

A cobertura vegetal original do estado compreende dois tipos de formação: florestas e campos. As florestas, que ocupavam 65% do território catarinense, foram bastante reduzidas por efeito de devastação. Contudo, o plantio de árvores tem crescido, graças aos incentivos governamentais e ao desenvolvimento da indústria madeireira. No planalto, apresentam-se sob a forma de florestas mistas de coníferas (araucárias) e latifoliadas e, na baixada e encostas da serra do Mar, apenas como floresta latifoliada. Os campos ocorrem como manchas dispersas no interior da floresta mista. Os mais importantes são os de São Joaquim, Lajes, Curitibanos e Campos Novos.

População

No século XVIII, o afluxo de açorianos e madeirenses, e de alemães, italianos e eslavos, no século XIX, deu à população de Santa Catarina uma notável diversidade étnica. Os habitantes do estado distribuem-se de maneira bastante uniforme por todo o território do estado. As mais elevadas concentrações de população ocorrem na faixa litorânea, enquanto as menores estão no interior do planalto, em áreas de campo, onde a agricultura cede lugar à criação de bovinos. Nas demais partes do planalto, a ocupação agrícola dos antigos solos florestais assegura densidades equivalentes à média estadual.

Rede urbana

O estado de Santa Catarina está em parte situado na área de influência da cidade de São Paulo, em parte, na de Porto Alegre. A metrópole paulista domina toda a metade setentrional, onde sua ação se faz sentir nos centros intermediários de Florianópolis e Blumenau, enquanto a capital gaúcha domina o sul, pelos centros mais modestos de Lajes e Joaçaba. As maiores cidades, além da capital, Florianópolis, são Joinville, Blumenau, Itajaí, São José, Lajes, Chapecó e Criciúma.

Economia

Agricultura, pecuária e pesca

O principal produto agrícola de Santa Catarina é o milho, cultivado no planalto basáltico, onde fornece ração para a criação de suínos. Seguem-se a soja, o fumo, a mandioca, o feijão, o arroz (cultivado com irrigação nas várzeas da baixada litorânea e do vale do Itajaí, a banana e a batata-inglesa. O estado é também importante produtor de cana-de-açúcar, alho, cebola, tomate, trigo, maçã, uva, aveia e cevada.

A criação de bovinos se faz principalmente em campo natural, de maneira extensiva, e nas áreas florestais, em menor escala, com os animais submetidos a semi-estabulação. Nessas áreas em que a agricultura é a atividade predominante, a criação se volta para os suínos, sobretudo no planalto basáltico, onde a produção de milho assegura ração adequada aos animais. A suinocultura experimentou grande progresso no estado, em virtude do desenvolvimento dos frigoríficos especializados no processamento de carne de porco. Grande expansão se verificou ainda na criação de aves.

Santa Catarina é um dos maiores produtores de pescado do país. A pesca, principalmente a praticada em moldes artesanais, desempenha importante papel na economia do estado. A atividade, que remonta à origem açoriana da população, desenvolve-se sobretudo em Florianópolis, Navegantes e Itajaí.

Extrativismo

As riquezas vegetais e minerais concorrem decisivamente para o progresso produtivo do estado. Entre as primeiras destacam-se as reservas florestais, representadas especialmente pelos pinheirais, apesar de sua intensa exploração, e os ervais, que permitem ao estado se manter como grande produtor da erva-mate. O estado de Santa Catarina é um dos maiores produtores de papel e celulose do país.

No extrativismo mineral, as ocorrências de carvão, principalmente nas áreas da baixada litorânea (Uruçanga, Criciúma, Lauro Muller e Tubarão), representam fator importante para o desenvolvimento econômico regional. Os carvões de Santa Catarina são os mais homogêneos do país, apesar de apresentarem defeitos — são ricos em piritas, possuem teores elevados de cinza etc.

As condições de exploração do carvão mineral têm apresentado sensível melhoria, do ponto de vista técnico e dos equipamentos empregados. Santa Catarina possui ainda as maiores reservas brasileiras de fluorita e sílex (em produção). Outros recursos minerais disponíveis são os depósitos de calcários de Brusque, de mármore, de galena argentífera e de minério de manganês, nem todos, entretanto, explorados economicamente.

Indústria

Os principais centros industriais de Santa Catarina são Joinville e Blumenau. O primeiro tem caráter diversificado, com fábricas de tecidos, de produtos alimentícios, fundições e indústria mecânica. Blumenau concentra sua atividade na indústria têxtil. No interior do estado, ocorrem numerosos centros fabris de pequeno porte, ligados tanto à industrialização de madeira quanto ao beneficiamento de produtos agrícolas e pastoris.

O nordeste do estado se destaca na produção de motocompressores, autopeças, refrigeradores, motores e componentes elétricos, máquinas industriais, tubos e conexões. No sul do estado (incluindo as cidades de Imbituba, Tubarão, Criciúma, Içara e Uruçanga), por sua vez, concentram-se as principais fábricas de cerâmica de revestimento do Brasil. O estado de Santa Catarina também lidera, no país, a produção de louças e cristais.

Energia

O potencial hidrelétrico de Santa Catarina não está totalmente aproveitado, e grande parte da energia consumida no estado é fornecida por usinas termelétricas. A utilização do carvão-vapor na alimentação dessas usinas contribui não só para a expansão da produção termelétrica como assegura mercado em crescimento para a ampliação do consumo da produção estadual de carvão.

Transporte

As estradas de ferro de Santa Catarina, administradas pela Rede Ferroviária Federal (11ª Divisão — Paraná-Santa Catarina e 12ª Divisão — Estrada de Ferro Teresa Cristina) têm dois troncos principais, que cortam o estado no sentido norte-sul: um passa por Mafra e Lajes e o outro, por Porto União, Caçador e Joaçaba. No norte do estado, uma linha em sentido leste-oeste liga as cidades ao litoral, servindo Porto União, Canoinhas, Mafra, São Bento do Sul, Joinville e São Francisco do Sul. Outras linhas férreas catarinenses servem o vale do Itajaí e a região de mineração de carvão, ligando-a com os portos de Laguna e Imbituba.

A malha rodoviária catarinense integra as diferentes regiões do estado. A principal rodovia é a BR-101, que atravessa o litoral e escoa grande parte da produção. Outra rodovia importante é a BR-470, que liga o meio-oeste ao litoral. A BR-470 se conecta à BR-282 e à BR-283 e por ela circula a produção agroindustrial que é exportada pelo porto de Itajaí.

Pela BR-280, que liga a cidade de Porto União, no Planalto Norte, com o porto de São Francisco do Sul, é transportada a produção da indústria de móveis de São Bento do Sul e a erva-mate produzida em Canoinhas. Outras rodovias importantes são a BR-153 e a BR-116, que atravessa as cidades de Lajes, Papanduva e Mafra. Há 23 aeroportos públicos e privados no estado. Os mais importantes são os de Florianópolis (internacional), Joinville e Navegantes.

Quatro portos especializados — São Francisco do Sul, Itajaí, Imbituba e Laguna — formam o sistema portuário catarinense. O primeiro, essencialmente exportador, é o maior porto graneleiro do estado. O de Itajaí destina-se fundamentalmente à exportação de açúcar e congelados e ao transporte de combustíveis, enquanto Imbituba é um terminal carbonífero e Laguna, porto pesqueiro.

Cultura

Entidades culturais

Têm sede em Santa Catarina diversas instituições culturais, entre elas o Instituto Geográfico e Histórico de Santa Catarina, a Academia Catarinense de Letras e o Círculo de Arte Moderna. As mais importantes bibliotecas são a Biblioteca Pública do Estado, a Biblioteca Pública Municipal do Estreito e as das várias escolas da Universidade Federal, em Florianópolis; a Biblioteca Pública Municipal Dr. Fritz Muller, em Blumenau; a Biblioteca Pública Municipal, em Joinville, e a Biblioteca da Fundação Camargo Branco, em Lajes.

Museus

Os mais importantes museus de Santa Catarina são, em Florianópolis, o Museu Histórico (instalado na Casa de Santa Catarina, com armas, uniformes e objetos pertencentes à Companhia Barriga Verde), a Casa de Vítor Meireles, o Museu Etnográfico, Etnológico e Botânico, o Museu de Arte Moderna, o Museu do Índio, o Museu do Instituto Geográfico e Histórico e o Museu do Homem do Sambaqui. Em Blumenau, funciona o Museu de História Natural Dr. Fritz Muller; em Brusque, o Museu Arquidiocesano D. Joaquim; em Joinville, o Museu Municipal (de imigração, colonização e arqueologia); e, em Lajes, o Museu Histórico Pedagógico.

Monumentos

Ao colonizarem a atual Florianópolis, os açorianos construíram um sistema de fortalezas que hoje tem imenso valor histórico. Na ilha de Anhatomirim está uma dessas fortalezas, o forte de Santa Cruz, que, construído em 1744, foi recuperado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Das ruínas do forte de São José da Ponta Grossa (1740), na praia do Forte, tem-se uma das mais belas vistas da região.

Outros importantes monumentos são o Mercado Público e o prédio da Alfândega, construções do final do século XIX, e a ponte Hercílio Luz (1926), uma das maiores pontes pênseis do mundo, em Florianópolis; e o palácio dos Príncipes (1870), em Joinville. As ruínas e construções da ilha de São Francisco do Sul e da cidade de Laguna são tombadas pelo patrimônio histórico.

Festejos religiosos e folclore

Entre as festas religiosas catarinenses tradicionais destacam-se: a procissão do Senhor Jesus dos Passos, a festa de São Sebastião, a festa do Divino Espírito Santo (festa móvel, com três dias de duração) e a procissão de Santa Catarina (padroeira do estado).

Das festas folclóricas, as mais importantes são realizadas no mês de outubro em várias cidades: em Blumenau, a Oktoberfest, festa tradicional alemã, com distribuição de chope, músicas típicas e grupos folclóricos; em Joinville, a Fenachopp; em Rio do Sul, a Kegelfest, onde a atração, além da cerveja, é o bolão, jogo semelhante ao boliche e à bocha; em Treze Tílias, a Tirolerfest, que comemora o aniversário da imigração austríaca; em Jaraguá do Sul, a Schutzenfest, mistura de competição de tiro com festival de comida e cerveja; em Brusque, a Fenarreco, a Festa Nacional do Marreco; em Pomerode, a Festa no Zoológico; em Itapema, o Festival do Camarão; e, em Itajaí, a Marejada, festa com comida típica portuguesa.

Outras festas folclóricas importantes no estado são o terno de reis, em janeiro; o boi-de-mamão, em janeiro e fevereiro, uma espécie de pantomima em que predomina a figura de um boi de papelão ou madeira, seguida de pessoas fantasiadas, dançarinos e cantores; e a farra do boi, na semana santa. Dos pratos típicos catarinenses, os mais conhecidos são a bijajica (bolinho feito de polvilho, ovos e açúcar, frito em banha) e o Ente mit Rotkohl (marreco com repolho roxo), especialidade da região de Brusque.

Turismo

Tem aumentado constantemente o fluxo turístico para o estado, procedente sobretudo de São Paulo e dos países do Prata. O principal foco de atração dos visitantes são as belas praias da ilha de Santa Catarina, bem como os balneários de Laguna, Camboriú, Porto Belo e Itajaí. Também é fator de atração a zona de colonização alemã, com centro em Blumenau, mas estendendo-se, nos arredores, a Pomerode e Timbó e incluindo, mais para o norte, Joinville. Os municípios da região estimulam a construção das tradicionais casas de enxaimel (caibros cruzados de maneira a sustentar o barro que dá forma às paredes).

Autoria: Juarez Fernandez de Oliveira

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