Geografia do Brasil

Transporte Rodoviário no Brasil

A base estrutural do sistema de transporte no Brasil é representada pelo sistema rodoviário, o que é contraditório se considerarmos os aspectos geográficos do país, que apresenta dimensões continentais, fato que determina a necessidade de investimentos no desenvolvimento dos transportes ferroviário e hidroviário.

Histórico

A implantação de rodovias no Brasil teve início na presidência de Washington Luís, na década de 1920, cujo lema de governo era: “Governar é abrir estradas”.

Após a Segunda Guerra Mundial, viu-se uma ascensão do modal rodoviário em todo o mundo, mesmo em países com bons sistemas de transporte hidroviário e ferroviário. Isso se deveu ao crescimento do setor petrolífero, num período em que várias empresas do ramo se fortaleceram ainda mais, pressionando governos, com a premissa de gerar mais postos de trabalho, e estimulando a população, com peças publicitárias que associavam a compra de um automóvel à obtenção de status social.

No Brasil não foi diferente. A partir dos anos 1950, houve um crescimento espantoso dos investimentos no setor rodoviário, quando Juscelino Kubitschek (1956 a 1960), com seu Plano de Metas, impulsionou o consumo de derivados de petróleo, incentivando os investimentos na Petrobras e na abertura do país ao capital externo, com destaque para a indústria automobilística.

O desenvolvimento do rodoviarismo teve base em estratégias e fatores:

  • Rodoviarismo como política de estado.
  • Construção de grandes rodovias de integração nacional, destinadas a ligar as várias regiões do país ao Centro-Sul, principal polo industrial.
  • Construção de modernas rodovias (com pistas duplas), interligando os mais importantes centros industriais do país.
  • Construção de Brasília no interior do país, o que determinou a necessidade de rodovias a fim de favorecer o estabelecer o comércio e o povoamento de áreas da Região Centro-Oeste, por exemplo.
  • Atração de empresas automobilísticas que ampliariam o processo industrial do país, criando uma cadeia produtiva para abastecer o setor.
  • Pressão do setor automobilístico para a expansão de rodovias.
  • Sucateamento das ferrovias que foram fundamentais no período agrário-exportador do país (ex.: cafeicultura).
  • Passagem do Brasil de um país agrário-exportador para um país urbano-industrial, o que transformou o rodoviarismo no símbolo de modernidade e favoreceu o prestígio político dos governantes.

Características do transporte rodoviário no Brasil

Aspectos favoráveis

  • Adequado para curtas e médias distâncias
  • Baixo custo inicial de implantação
  • Maior flexibilidade no serviço de entrega porta a porta e diante de terrenos íngremes
  • Tempo de entrega confiável
  • Integração de todos os estados brasileiros

Aspectos desfavoráveis

  • Alto custo de manutenção
  • Muito poluente com forte impacto ambiental
  • Segurança no transporte comprometida pela existência de roubos ou furtos de cargas
  • Maior flexibilidade de integração diante da grande extensão da malha
  • Os custos tornam-se altos para grandes distâncias.
  • Baixa capacidade de carga
  • Aumento dos custos quando se elevam os preços do combustível (ex.: óleo diesel).

Atualmente o transporte rodoviário é responsável por 60% da carga transportada no Brasil.

Outro dado que chama a atenção é o excessivo transporte individual, já que a maior parcela dos veículos que formam a frota nacional é composta por automóveis de passeio.

O carro transformou-se em uma importante mercadoria de consumo para muitas pessoas que visam ao deslocamento para lazer, trabalho, estudo, compras, entre outras necessidades.

Isso tudo em espaços urbanos que foram sendo estruturados para atender, mesmo que de modo deficitário, à maior presença de carros em detrimento do transporte público (coletivo) ou de ciclovias. Dessa forma, rodovias, ruas e avenidas tornaram-se necessárias para viabilizar a circulação de pessoas, bem como para o setor produtivo do país.

Rodovias no Brasil.
Mapa do modal rodoviário brasileiro.

Observa-se, no mapa, a maior concentração de rodovias nas regiões Sudeste e Sul e na faixa litorânea por causa da concentração urbano-industrial e da maior intensidade dos fluxos de bens e de pessoas.

As rodovias começaram a ligar o litoral ao interior do país como consequência do processo de integração do território nacional, já que as ferrovias se concentraram na faixa litorânea visando ao escoamento da produção e não ao povoamento do território nacional.

Muitas rodovias estão em estado de conservação precário, aspecto que, associado à irresponsabilidade/imprudência de motoristas, faz o Brasil ter 41 mil mortos por ano em acidentes de trânsito, segundo a OMS.

Transporte rodoviário no Brasil.
Tabela de rodovias pavimentadas e não pavimentadas no Brasil

Como solução para as melhorias das rodovias, destaca-se a parceria público-privada e a privatização, que provoca aumento do valor do pedágio e da quantidade de praças de cobrança, como justificativa para a administração e o oferecimento de melhores serviços de atendimento aos usuários, bem como para a manutenção das rodovias nas áreas de tráfego mais intenso, desprezando-se, dessa maneira, as regiões que possam apresentar condições precárias, porém com menor retorno econômico para as concessionárias.

A privatização aumenta os custos para os usuários, que, em troca, recebem rodovias mais bem conservadas e serviços de apoio. Por outro lado, reduz os gastos do governo e aumenta a arrecadação do poder público. Ex.: em São Paulo, parte do valor arrecadado com pedágios destina-se ao estado.

Uma importante solução para reduzir os custos com transportes e ampliar a competitividade do país no mercado internacional é a dos investimentos na intermodalidade e multimodalidade, que representam sistemas de integração dos modais de transporte. O escoamento ou abastecimento da Região Centro-Oeste, por exemplo, teria mais êxito com o deslocamento de mercadorias por meio desses sistemas, utilizando a integração de trechos rodoviários, ferroviários e hidroviários.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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