História

Revolução de 1905: o ensaio geral

O imperialismo russo estava dirigido à Ásia e o interesse do czar era absorver a região da Manchúria, espaço chinês que também interessava ao Japão. O deslocamento de tropas para aquele espaço configurou uma guerra entre Japão e Rússia, entre 1904 e 1905. O desfecho do conflito armado foi a derrota russa e a Revolução de 1905.

A derrota frente ao Japão repercutiu no interior do Império Russo, pois manifestações foram organizadas, populares foram para as ruas, grupos políticos defendiam abertamente a mudança na estrutura do Estado e participação política por meio de um parlamento regular. Trabalhadores organizaram greves em Moscou e Petrogrado, as maiores cidades russas, e houve insubordinação militar. Foi a primeira Revolução Russa, em 1905, considerada como o ensaio geral para a revolução que ocorreu depois, a Revolução Russa de 1917.

Na Marinha ocorreu o motim do encouraçado Potemkin: os marinheiros se sublevaram contra a rigidez de seus comandos nos últimos dias de junho de 1905, pois eram diariamente humilhados e submetidos a trabalhos estafantes. Após uma resistência infrutífera, os amotinados entregaram-se às autoridades. O levante foi um símbolo para os revolucionários de 1917.

O czar Nicolau II reprimiu as manifestações populares ordenando que se atirasse na população, o que redundou em massacres.

Quadro retratando a Revolução de 1905.
A resposta do czar às manifestações foi uma repressão violenta, que tornou o episódio conhecido como Domingo Sangrento. Morte na neve, de Vladimir Makovsky, retrata a repressão à manifestação pacífica pelas tropas czaristas.

No processo revolucionário de 1905, foi instituído o Parlamento russo (Duma), com a organização de partidos políticos e a realização de eleições. No entanto, o parlamento russo não era autônomo, pois todas as votações da Duma eram encaminhadas para o czar. Este tinha poder de veto sobre as decisões do Parlamento: o centralismo político czarista não foi alterado.

Dentre as agremiações partidárias, encontrava-se o Partido Operário Social-Democrata Russo. Este partido existia desde 1898 e se encontrava na clandestinidade. De orientação marxista, o partido dividiu-se em duas facções: os bolcheviques e os mencheviques.

Os bolcheviques (maioria, em russo) eram liderados por Lênin e defendiam a organização de um partido revolucionário, centralizado e disciplinado, cujos filiados teriam compromisso com a revolução e participariam efetivamente de suas organizações. Os mencheviques (minoria, em russo), liderados por Martov, defendiam que fossem aceitos como filiados do partido aqueles que aceitassem o programa partidário, contribuíssem financeiramente, dispensando-se, porém, a obrigatoriedade da “militância” partidária.

Outro fator de diferenciação entre mencheviques e bolcheviques era que, embora fossem ambos marxistas, os primeiros admitiam uma aliança estratégica com a burguesia e afirmavam a necessidade de a Rússia passar por uma “etapa burguesa” de revolução e desenvolvimento das forças produtivas antes de se alcançar a revolução socialista.

Havia também o Partido Constitucional Democrata, informalmente Kadete, ou KD, de ideologia liberal e defensor de uma monarquia parlamentar, a exemplo da Inglaterra, que reunia elementos da burguesia e membros da nobreza.

Em 1914 a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial, mas como sucedera na guerra contra o Japão (1905), os russos não estavam em condições de enfrentar os inimigos, precipitando novos levantes contra o regime czarista e a Revolução Russa de 1917.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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