História

Unificação Italiana

Na segunda metade do século XIX, os ideais burgueses do liberalismo, imperialismo e nacionalismo transformaram-se no eixo político do desenvolvimento dos principais Estados. Exprimindo a força nacionalista, a Itália, de simples “expressão geográfica”, aceleraria a política de unificação, concretizada em 1871 — processo semelhante ao da unificação alemã. Era a consolidação da política das nacionalidades.

Com o Congresso de Viena (1815), a Itália foi dividida, despertando-se o sentimento nacional pela unificação. Os primeiros a pregar a libertação nacional foram os carbonários, italianos que se reuniam secretamente nas cabanas dos carvoeiros.

O Congresso de Viena dividiu a Itália em sete Estados absolutistas dominados por austríacos, franceses e pelo papa.

Das várias correntes unificadoras que surgiram na Itália, destacaram-se a de caráter republicano, de Giuseppe Mazzini (1805-1872) e Giuseppe Garibaldi (1807-1882), e a monarquista, liderada por Camilo Benso di Cavour (1810-1861). Esta última defendia a união nacional em torno do reino do Piemonte-Sardenha, Estado independente, industrial-progressista, governado por Vitor Emanuel II e pelo ministro Conde de Cavour, que transformou o jornal monarquista Rissorgimento na grande arma da unificação.

Apesar da maior força monarquista, foi o republicano Garibaldi que, com os seus “camisas vermelhas”, libertou em 1860 o sul da Itália e a Sicflia, governada pelo absolutista Bourbon Francisco II. Mesmo contrário a uma unidade monarquista, Garibaldi abandonou a política para não dividir as forças italianas de unificação, favorecendo Vitor Emanuel II, que intensificava a luta para tomar Veneza, pertencente à Áustria, e os Estados Pontifícios, dominados pelo Papa Pio IX.

O Piemonte anexou vários territórios italianos ao norte, sob a tutela dos austríacos, com a ajuda de Napoleão III, e depois Veneza, durante a Guerra das Sete Semanas (1866), graças à aliança entre os italianos e os prussianos de Bismarck contra a Áustria. Ao mesmo tempo, o Papa recusava-se a entregar seus territórios para o Piemonte e a perder Roma para os unificadores, ameaçando excomungar Vitor Emanuel e seus ministros.

Napoleão III dera apoio aos italianos no início das lutas pela unificação, porém, diante do conflito dos nacionalistas com o papa e da pressão dos católicos franceses, acabou por oferecer garantias ao papado, mantendo tropas em Roma, além de obter o compromisso de Vitor Emanuel de que não invadiria a capital católica (Convenção de setembro de 1864).

Em 1870, com a Guerra Franco-Prussiana, as tropas francesas deixaram Roma para enfrentar os alemães de Bismarck. Napoleão III foi derrotado, encerrando o II Império francês. Os italianos aproveitaram a conjuntura e invadiram Roma, transformando-a na capital italiana. Em janeiro de 1871, Vitor Emanuel transferia-se para Roma, completando o processo unificador. Pouco depois, um plebiscito consagrava a anexação, enquanto o papa, que se recusava a reconhecer o novo Estado italiano unificado, recolhia-se no Vaticano, considerando-se um prisioneiro. As relações entre o novo Estado italiano e a Igreja ficaram difíceis, constituindo o que se denominou de Questão Romana, que duraria até 1929, quando Mussolini, então ditador italiano, assinou com o Papa Pio XI o Tratado de Latrão, que criou o Estado do Vaticano.

Apesar da unificação, continuaram ainda pendentes várias questões, além da romana, como as das províncias do Tirol, Trentino e Áustria, onde predominava a população italiana, mas em mãos dos austríacos. Estas regiões formavam as províncias irredentas, reivindicadas pela Itália, o que a levou, em 1915, a entrar na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), contra a Áustria.

Por: Renan Bardine