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Linguística e a Antropologia

Há uma relação estreita entre a Linguística e a Antropologia, a primeira vista como ciência da linguagem e a segunda como investigadora dedicada especificamente ao homem, respectivamente.

Haja vista que a língua está inserida no campo da Antropologia que visa o estudo da cultura do homem em todas as suas peculiaridades, entretanto, há particularidades da linguagem que justificam a existência de uma ciência específica que a estude, a Linguística Geral. Para tanto, o estudioso dessa área deve dominar as técnicas, os princípios e métodos.

Cada comunidade linguística vive em um mundo que se diferencia de algum modo de outras comunidades, essas distinções são expressas tanto por meio da cultura quanto por meio da língua, maior responsável por revelá-las e conservá-las. Depreende-se dessas afirmações que as línguas não são apenas nomenclaturas dadas às múltiplas coisas existentes no mundo, pois elas revelam a cultura e características de seus usuários.

Uma palavra carrega significados e sentimentos inerentes à cultura da comunidade linguística que a utiliza, portanto, no momento de traduzi-la para outro idioma, o linguista precisa traduzir e explicar as utilizações dessa palavra na língua de origem a partir de contextos adequados. A investigação antropológica necessita de observação e inquietação no que concerne o estudo da cultura e da língua de certas comunidades. Vale ressaltar que a descrição de uma cultura envolve certo conhecimento acerca da língua desta cultura, pois isto será importante na descrição de uma cultura, visto que a língua reflete a cultura. Que fique claro que o estudo da língua ou da cultura pode ser feito sem a dependência de uma ou de outra.

Segundo a teoria, a relação entre as matérias do linguista e do antropologo supõe que conforme aumenta a teoria e os métodos de um deles aumenta o entendimento do outro. O estudo específico interdisciplinar, tanto em teoria como prática, entre a Antropologia e a Linguística chama-se etnolinguística. A contribuição do antropologo e do linguista pode ser muito estreita quando o povo estudado está longe dos caminhos trilhados pela civilização. Neste caso, não se tem conhecimento preexistentes, os estudiosos que irão investigar são poucos, portanto, quanto mais seguras e sistemáticas forem as informações extraídas, maior será o conhecimento das línguas e culturas humanas.

Citando Robins (1977), “é no estudo de culturas distintas e primitivas, de línguas amplamente desconhecidas e ainda não estudadas, que o antropologo e o linguista mais podem se aproximar um do outro. Onde inevitavelmente existem poucos que trabalham e os povos e as línguas são muitos, nosso conhecimento poderá depender dos relatórios e análises de um só ou, na melhor das hipóteses, de um pequeno grupo de estudiosos”.

Estudar estas línguas, em que não há documentos escritos ou quase não existem estudos anteriores é chamado de Linguística Antropológica. É inegável a importância para os docentes de línguas esses estudos linguísticos; o linguista tem como interesse toda e qualquer língua a fim de entender mais sobre a linguagem em si e sua relação entre as línguas e entre a vida e a linguagem. Nessa perspectiva, apreende-se a contribuição e colaboração entre a Linguística e a Antropologia, ambas disciplinas que estudam o homem.

Referência:

ROBINS, Robert Henry. Linguística Geral. Tradução de Elizabeth Corbetta A. da Cunha. Porto Alegre: Globo, 1977.

Por: Miriã Lira

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