História

Contrarreforma Católica

O reformismo iniciado por Lutero e propagado por toda a Europa provocou a reação da Igreja de Roma, que tratou de promover reformas no sentido de reafirmar os princípios fundamentais da moral católica, a chamada Contrarreforma.

A Igreja Católica reagiu ao movimento reformador, pois perdia fiéis e patrimônio rapidamente. A movimentação contrarreformadora contou com a participação dos reinos ibéricos católicos e com nobres que se mobilizaram em defesa da instituição.

Exemplo dessa contribuição é atestado pela criação da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola, nobre que doou seu patrimônio para a Igreja e organizou o grupo que seria conhecido como o “Exército de Cristo” da Contrarreforma.

Os jesuítas tiveram participação ativa na luta contra a heresia protestante, sendo reconhecidos e absorvidos pela estrutura da Igreja Católica. Sua importância não é dada apenas pelo combate ao protestantismo, mas também pela ação missionária, principalmente no Novo Mundo. A obra de catequese foi a evangelização das comunidades indígenas, o que ampliou o número de fiéis da instituição.

Além de reconhecer a Companhia de Jesus, a Igreja, por meio do papa Paulo III, convocou o Concílio de Trento (de 1545 a 1563), que, após dezoito anos de trabalho, decidiu:

  • reativar os Tribunais de Inquisição;
  • reconhecer o papa como suprema autoridade da Igreja;
  • criar seminários para formar sacerdotes;
  • confirmar os dogmas e as práticas da Igreja, como salvação pela fé e pelas obras, presença real de Cristo na eucaristia, culto à Virgem Maria e aos santos, e os sete Sacramentos;
  • redigir o Index Libro rum Prohibitorum: catálogo de livros de leitura proibida aos católicos, por serem considerados perniciosos à fé
Livros proibidos da Contrarreforma.
Imagem da capa da Lista de Livros Proibidos em que a Igreja censurou,  livros dos teólogos reformadores e de escritores renascentistas considerados por ela perniciosos

Quanto ao livros proibidos à leitura. Quem mantivesse em seu poder obra considerada imprópria seria julgado pelo Tribunal de Santo Ofício, a Inquisição.  Enquanto o mundo protestante se alfabetizava e lia não apenas a Bíblia, mas também outras obras publicadas graças ao advento da imprensa, o mundo católico submergia na ignorância dos analfabetos, conduzidos pelas autoridades eclesiásticas.

Consequências da Contrarreforma

Assim, a Igreja Católica se preparava para enfrentar os novos tempos na Europa. Apesar de utilizar métodos repressivos para fazer valer sua hegemonia, numa época em que o Renascimento cultural apontava para o humanismo, para uma nova relação entre o homem e Deus, as decisões do Concílio de Trento serviram para orientar os católicos por quase quatrocentos anos.

A Inquisição realizou torturas e enviou muitas pessoas para a fogueira. Do lado dos protestantes, a situação não foi diferente, pois católicos também eram perseguidos, torturados e mortos

Deve-se ressaltar o significativo papel das monarquias católicas de Portugal e Espanha na Contrarreforma, pois se mantiveram fiéis a Roma e ajudaram na propagação do catolicismo para boa parte da América, porém, a estagnação cultural e econômica foi elemento comum nos espaços em que a Contrarreforma teve êxito.

Outros fatores para o entendimento da decadência econômica dos países ibéricos podem ser relacionados ao quadro de intolerância e perseguições que se seguiu em relação a livres pensadores e a homens que pudessem dar outros conteúdos à vida produtiva de Portugal e Espanha.

É importante ressaltar que as relações entre economia e Contrarreforma são assuntos controversos, pois há debates em torno da importância das determinações do Concílio de Trento (base da política contrarreformadora) para se entender a estagnação econômica do mundo católico.

Alguns autores deslocam a discussão para o universo político, principalmente nos casos de Portugal e Espanha. De qualquer forma, o pensamento defendido pela Santa Sé, se não impediu o desenvolvimento econômico, não contribuiu para a dinamização das atividades produtivas e comerciais.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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